Segundo noticiado pelo The Guardian, Elzbieta Olszewska chegou ao Reino Unido em setembro do ano passado com um visto de visitante de seis meses. A idosa vivia sozinha num apartamento em Varsóvia antes de se mudar para junto do filho, Michal Olszewski, de 52 anos, engenheiro aeronáutico residente em Lincoln. Olszewski, que vive no Reino Unido desde 2006 e possui dupla nacionalidade polaco-britânica, desejava que a mãe se juntasse a ele e à sua esposa para que pudesse receber os cuidados necessários na velhice.

A legislação britânica permite que cidadãos britânicos naturalizados solicitem autorização para que pais dependentes se estabeleçam no país. Com base nessa possibilidade, a família submeteu a candidatura de Olszewska ainda dentro do prazo do visto de visitante. Contudo, apenas a 25 de março o Ministério do Interior britânico respondeu, declarando que a candidatura era "inválida" por ter sido feita online em vez de em papel.

"O processo de candidatura exigido para alguém que se candidata como familiar de um cidadão britânico naturalizado é através do formulário em papel apropriado. A sua candidatura foi feita online. Não existe direito de recurso em relação a uma candidatura inválida", lia-se na carta enviada pelo Ministério do Interior.

A notificação também informava que, com a expiração do visto, Olszewska estava agora em situação irregular e sujeita a detenção, multa, prisão, remoção forçada e interdição de reentrada no Reino Unido.

O formulário correto para requerer residência permanente só pode ser solicitado ao Ministério do Interior, que envia o documento personalizado ao requerente por email. Este deve depois imprimi-lo, preenchê-lo manualmente e reenviá-lo por correio. Embora o governo britânico esteja a transitar para um sistema de imigração digital, algumas candidaturas ainda requerem submissão em papel, algo que nem todos os requerentes estão conscientes.

Michal Olszewski manifestou revolta com a situação. "Isto é uma autêntica vergonha por parte do Ministério do Interior. Foram precisos quase seis meses para nos informarem que a candidatura era inválida. A minha mãe está muito angustiada com tudo isto. Sou filho único, temos uma relação muito próxima e queremos passar os últimos anos juntos".

O engenheiro, que paga impostos no Reino Unido e se considera um "bom cidadão", expressou ainda a sua indignação: "Este é um país de lei e democracia, mas esta decisão parece ter sido tomada por uma burocracia soviética".

A advogada da família, Katherine Smith, do gabinete Redwing Immigration, criticou a rigidez da decisão. "As consequências de uma candidatura ser considerada inválida são muito severas. Foi extremamente duro por parte do Ministério do Interior não aceitar a candidatura online nem dar tempo para que um formulário em papel fosse preenchido. A Elzbieta está agora sem estatuto legal devido ao atraso na resposta e está profundamente angustiada."

Como não existe possibilidade de recurso, a advogada pretende dar início a um processo de revisão judicial contra o Ministério do Interior, que afirmou ao jornal britânico "não comentar casos individuais".