“O PS ganha porque a oposição perde de forma significativa, é verdade, e isso deve também levar o PSD a pensar que, se por um lado existe uma oportunidade política, porque os portugueses não demonstram grande satisfação com o PS e o Governo, por outro lado o PSD está muito longe de conseguir canalizar a insatisfação que existe”, afirmou ex-ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional.
O “prazo muito curto” que separa estas eleições europeias das legislativas, em outubro, colocam “um desafio ao PSD” que não pode ser ignorado, contudo há “um ritmo de mudança de comportamento político [nos eleitores] muito mais rápido do que no passado” que pode ser aproveitado pela direção liderada por Rui Rio, sublinhou.
“Se é verdade que o prazo é muito curto, também é verdade que essa crescente flutuação política acelerada determina que há também uma oportunidade para o PSD, se conseguir ser o partido que mobiliza essa insatisfação do eleitorado”, acrescentou.
O diretor da Escola de Governança Transnacional do Instituto Universitário Europeu de Florença e ex-ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional disse hoje em Macau que se na Europa a insatisfação com o sistema politico penalizou os partidos tradicionais, em Portugal “a insatisfação não se transferiu ainda totalmente para novos partidos políticos alternativos”, sendo que “o único que beneficiou disso foi o PAN”.
Na Europa, “confirma-se uma crescente fragmentação política”, que é uma “consequência da incapacidade dos partidos tradicionais responderem às novas linhas de divisão política e ideológica e os novos temas políticos com que as pessoas se identificam”, sustentou, à margem de um seminário sobre o Estado de Direito nos países membros da União Europeia, organizado pelo Instituto de Estudos Jurídicos Avançados da Faculdade de Direito da Universidade de Macau.
Esta fragmentação não se traduziu “num sentimento global antieuropeu”, já que “se cresceram partidos políticos eurocéticos, também cresceram novos partidos e novos movimentos que adotaram uma mensagem pró-europeia”, ressalvou o especialista em assuntos europeus.
Finalmente, sobre a participação nestas eleições europeias, Miguel Poiares Maduro realçou que “a abstenção desceu nos países em que as campanhas foram genuinamente europeias, onde os partidos políticos assumiram os verdadeiros temas europeus”, enquanto que “em Portugal as eleições foram nacionalizadas e a abstenção subiu”.
A vitória do PS, com uma vantagem de mais de 10 pontos percentuais sobre o PSD, o reforço do BE e a eleição de um eurodeputado do PAN marcaram, no domingo, a noite dos vencedores das europeias em Portugal.
Em sentido inverso, o PSD e o CDS-PP falharam os objetivos de aumentar a sua representação no Parlamento Europeu e a CDU perdeu mesmo pelo menos um eurodeputado.
A vitória eleitoral coube ao PS, com 33,38% dos votos, cujo resultado extrapolado para legislativas deixa o partido longe de uma maioria absoluta, mas com uma vantagem de mais cerca de 10 pontos em relação ao segundo partido mais votado, o PSD.
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