Segundo um jornalista da agência de notícias francesa AFP no país africano, a manifestação foi organizada pela Synergie, um grupo de cerca de dez associações que apoiam o regime que chegou ao poder no Níger através de um golpe de Estado, em 26 de julho de 2023, e por organizações muçulmanas locais.

Várias personalidades do regime militar assistiram à manifestação em frente ao edifício da Assembleia Nacional, no centro de Niamey, entre as quais estavam o porta-voz da junta militar no poder, o coronel Amadou Abdramane, o coronel Ibro, chefe do Estado-Maior do general Abdourahamane Tiani (líder do regime), e o coronel Maman Sani Tchiaou, chefe do Estado-Maior do Exército.

Muitos estudantes estavam entre a multidão, entoando “Abaixo o imperialismo americano”, “Viva a AES (Aliança dos Estados do Sahel – Mali, Burkina Faso, Níger)” e “A libertação do povo está em marcha”.

As bandeiras do Burkina Faso, do Mali, do Níger e da Rússia eram visíveis na manifestação.

Desde o golpe de Estado de 26 de julho, o regime do Níger aproximou-se dos países vizinhos Burkina Faso e Mali, também eles governados por militares. Os três Estados também viraram as costas à França e reforçaram os seus laços com a Rússia.

Na quarta-feira, cerca de uma centena de instrutores russos chegaram a Niamey. O Níger recebeu também a sua primeira entrega de equipamento militar russo, no âmbito de um acordo de reforço da cooperação com a Rússia em matéria de segurança e defesa.

De acordo com as autoridades, estes instrutores irão instalar um “sistema de defesa antiaérea” no Níger e “dar uma formação de qualidade” aos militares do país “para garantir a sua utilização eficaz”.

Ao mesmo tempo, depois de expulsar as tropas francesas, no final de 2023, em março, o regime nigerino denunciou “com efeito imediato” o acordo de cooperação militar com os Estados Unidos de 2012, considerando-o “ilegal”.

Os cerca de mil militares americanos no Níger estão envolvidos na luta contra o terrorismo no Sahel e têm uma importante base de drones em Agadez (norte).

“Disseram que (os americanos) iam partir, por isso deixem-nos partir em paz e rapidamente”, gritou hoje para os manifestantes o xeque Ahmadou Mamoudou, um líder religioso conhecido pela sua pregação inflamada, a partir de uma plataforma improvisada.

Os organizadores da manifestação tinham apelado aos manifestantes para que se abstivessem de proferir palavras de ordem que insultassem os Estados Unidos ou queimassem as suas bandeiras.

O Níger enfrenta uma violência terrorista recorrente e mortal no oeste, levada a cabo por grupos terroristas afiliados na Al-Qaida e no grupo Estado Islâmico (EI), e no sudeste, pelo grupo Boko Haram e pelo Estado Islâmico na África Ocidental (ISWAP, na sigla em inglês).