As direções das APM - Associações Profissionais de Militares vão assim promover uma "Reunião de Militares" para "analisar, debater e discutir as diversas matérias que contribuem para a degradação das suas condições socioprofissionais".
Numa primeira análise feita com o SAPO24, Vítor Nicolau, da Associação de Praças, começou por dizer que esta reunião servirá para "decidir o que fazer no futuro, em termos de reivindicações". "Não posso dizer agora uma coisa e depois sair outra da reunião. Vamos estar juntos, as associações e os militares, e depois iremos ver que posição vamos ter perante o Governo", começou por salientar, enviando, ainda assim, alguns recados para o Executivo.
"Vamos vendo ano após anos a redução do número de efetivos. Se não houver efetivos, não podem haver Forças Armadas. Razões? A falta de reconhecimento salarial, sobretudo"Vítor Nicolau
"Basicamente gostaríamos de saber porque ainda não houve a dignidade para reunir connosco. Professores, enfermeiros, médicos, etc, já reuniram com as respetivas tutelas, nós ainda estamos à espera. Já pedimos audiência ao Ministro da Defesa e estamos à espera", salientou, abordando depois a questão da degradação das condições socioprofissionais dos militares.
"Profissionalmente, as condições salariais não são as adequadas. Os militarem juraram defender a pátria, mas não são reconhecidos a nível de salários. Depois há a questão da degradação dos equipamentos, como tem vindo a público nos últimos tempos. Temos de ser nós a olhar por nós, basicamente é isso que se passa atualmente nas Forças Armadas", reconhece Vítor Nicolau.
Além do responsável da Associação de Praças, também todas as outras direções da APM defendem este "declínio de um dos pilares fundamentais do Estado e da soberania e independência nacionais, as Forças Armadas Portuguesas", referindo que é necessário "manter guarnecida a trincheira e cerrar fileiras". Quais as razões para estas afirmações?
"Vamos vendo ano após anos a redução do número de efetivos. Se não houver efetivos, não podem haver Forças Armadas. Razões? As que falei atrás, da falta de reconhecimento salarial, sobretudo. Qualquer caixa de supermercado recebe o mesmo e tem horário. Nós trabalhamos 24 horas por dia e jurámos defender o nosso país", completou.
No próximo sábado, pelas 14h30, os trabalhos vão decorrer à porta fechada, mas após os mesmos, as APM vão divulgar o que ficou delineado. "Primeiro falaremos entre nós, esperamos contar com o máximo de militares possíveis. E depois teremos respostas a dar, nomeadamente no que diz respeito à atitude que iremos tomar", referiu Vítor Nicolau.
Refira-se que na passada semana, numa reunião do Conselho Superior Militar, presidido pelo ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, foram identificadas as medidas legislativas para equiparar as remunerações das Forças Armadas às Forças de Segurança. O Governo salientou mesmo que foi dado o primeiro passo para elevar o nível remuneratório dos militares – especialmente o dos soldados – de forma a atingir o das Forças de Segurança.
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