No documento, o Ministério Público argumenta as razões pelas quais o recurso não deveria ser admitido, segundo afirmaram à agência EFE fontes do Ministério Público e do Supremo Tribunal, a mais alta instância judicial da Austrália.

Os advogados do Cardeal Pell interpuseram um recurso junto do Supremo Tribunal em meados de setembro, o último para anular a sua condenação.

Se o Supremo Tribunal o admitir, a defesa do ex-número três do Vaticano, o mais alto chefe da Igreja Católica condenado por pedofilia, terá de apresentar um recurso formal para um processo que pode demorar cerca de seis meses.

Esta é a última possibilidade de o cardeal de 78 anos ver a sua condenação anulada numa complexa batalha jurídica que tem recebido atenção mundial.

Pell foi condenado em março a seis anos de prisão por cinco crimes de abuso sexual de crianças, incluindo um cometido contra dois rapazes do Coro da Catedral de St. Patrick, em Melbourne, em 1996 e 1997.

No passado dia 21 de agosto, o Supremo Tribunal do Estado de Vitória, com sede em Melbourne, recusou o primeiro recurso de Pell contra a sentença, rejeitando os argumentos apresentados pelos advogados do cardeal que questionaram a veracidade do testemunho da vítima e a possibilidade de o júri poder ter emitido um veredicto sem qualquer dúvida razoável.

Pell, preso desde fevereiro, permanecerá na prisão pelo menos até 2022, quando poderá pedir liberdade condicional, e permanecerá no registo pedófilo a menos que o seu recurso ao Tribunal Superior seja bem-sucedido.

As acusações de pedofilia contra Pell vieram à luz em 2015, quando uma das vítimas relatou à Polícia de Victoria que ela havia sido abusada sexualmente duas vezes pelo prelado, pouco depois de ter sido nomeado arcebispo de Melbourne em 1996.

O cardeal nasceu em Ballarat, no estado australiano de Victoria, e foi também arcebispo de Sydney antes de ser nomeado prefeito da Secretaria de Finanças da Santa Sé em 2014, o cargo mais alto depois do Papa e do secretário de Estado do Vaticano.