“Claramente, estas chuvas, que vieram em boa hora, já nos ajudaram a ultrapassar o nível de stresse hídrico que os nossos ecossistemas todos tinham”, afirmou a ministra, em Bragança, à margem de uma visita à fábrica da castanha Sortegel.
A castanha é uma das produções agrícolas onde os efeitos da seca são visíveis no atraso da campanha e na menor quantidade que se espera, este ano, na região transmontana, a maior produtora nacional.
As chuvas de outubro trouxeram também a expectativa de as variedades de castanha mais tardias ainda recuperarem e a certeza avançada hoje pela ministra de que há já “uma recuperação de água no solo, dos lençóis freáticos, das barragens”.
“Ainda não é suficiente para estarmos descansados, mas tem uma consequência que nos parece muito importante, que é recuperarmos o nível de água no solo, o que permite, nomeadamente aos nossos prados, às pastagens naturais ou semeadas, poderem começar a desenvolver-se”, indicou a governante.
Beneficiadas pela chuva estão também a ser as culturas de outono/inverno, depois da ameaça da seca, que, a manter-se “dificilmente” permitiria existirem condições para estas produções, como salientou.
“Claramente já temos, neste momento, o nível mínimo para garantir pastagens e condições para se poder planear estas culturas de outono/inverno”, vincou.
A ministra ouviu durante a visita, em Bragança, o apelo ao reforço do regadio na região que, garantiu, “é o distrito com dos maiores investimentos em regadio”, salientando que “o trabalho que está a ser feito é notório, pela quantidade de projetos aprovados, em execução e já concluídos”.
“Para o distrito de Bragança estamos a falar de 32 projetos de melhoria dos regadios existentes, oito mil hectares com um investimento total de quase 66 milhões de euros”, concretizou.
Entre estes projetos estão 9,3 milhões de euros para o alteamento da barragem da Burga e a construção da barragem do ribeiro do Cerejal, para reforçar o regadio do Vale da Vilariça, um dos mais férteis da região.
O alteamento para aumentar a capacidade de armazenamento da barragem da Burga é reclamado há anos apesar do financiamento garantido tem sido motivo de queixa da Associação de Regantes devido à demora do processo entregue à Câmara de Vila Flor, em articulação com a de Alfândega da Fé.
A ministra explicou hoje que o projeto está sujeito a uma avaliação ´ex-ante` (antes de a obra poder avançar) por parte do Banco Europeu de Investimento (BEI).
“E, neste momento, estão a decorrer os estudos para o cumprimento dessa condicionante e, tendo por base os documentos que vão ser submetidos, vamos estar em condições de poder avançar para a obra, que tem que estar concluída até final de 2025”, afirmou.
Maria do Céu Antunes salientou ainda que os investimentos em curso na região também estão a ter impacto “na produção agrícola, que tem vindo a desenvolver-se” e que o Governo quer que continue este rumo com mais apoios aos agricultores.
A governante lembrou que o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), que se vai iniciar a 01 de janeiro de 2023, traz mais 30% de apoio ao rendimento dos agricultores”.
“Já este ano de 2022 abrimos a possibilidade de que todos os agricultores possam ir a estas medidas de apoio ao rendimento. Atualmente beneficiam 2. 500 agricultores e este ano são mais 1.200 agricultores das zonas vulneráveis aos fogos rurais que vão candidatar-se. Até 2026, acabando com o regime do histórico e dos direitos, todos os agricultores podem candidatar-se”, especificou.
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