A ministra da Defesa Nacional salientou hoje que o objetivo de chegar aos 2% do Produto Interno Bruto em despesas militares é “uma meta base” e “não um teto”, valor que Portugal se compromete a atingir até 2030.

“O compromisso dos 2% existe e uma vez alcançado concordamos que seja uma meta base, digamos assim, um valor base, e não um teto. E é esse o trabalho que estamos a fazer e que continuaremos a fazer”, defendeu Helena Carreiras, em declarações à Lusa, à margem da cerimónia de encerramento da 47ª edição do Curso de Defesa Nacional, no Instituto de Defesa Nacional (IDN), em Lisboa.

A governante foi questionada sobre o encontro que juntou, na quinta-feira, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, o primeiro-ministro, António Costa, o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, e a ministra da Defesa, depois de esta semana o líder da Aliança Atlântica ter pedido que o valor dos 2% do PIB para a Defesa “não seja um teto, mas um mínimo que todos os aliados devem fornecer imediatamente e não numa década” – meta traçada por Portugal.

“Na reunião abordámos vários temas que têm a ver com a preparação da cimeira de Vilnius [capital da Lituânia] e esse tema foi um deles, o tema do reforço do nosso contributo para a Aliança”, afirmou a ministra.

“Na verdade, não apenas do ponto de vista financeiro, mas também do ponto de vista daquilo que é a reforma do sistema de forças, da presença da NATO no flanco leste”, acrescentou.

Já quanto à “dimensão financeira” do contributo português, Helena Carreiras salientou que “tem havido uma trajetória crescente dos orçamentos de defesa em Portugal e dos investimentos em defesa”.

Na intervenção perante os auditores, mas também de várias entidades militares e civis como o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, general Nunes da Fonseca, ou a secretária-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), embaixadora Graça Mira Gomes, Helena Carreiras deixou alguns dados sobre o apoio de Portugal à Ucrânia.

“Até à data, a Defesa coordenou a entrega de mais de 712 toneladas de material à Ucrânia, na sua maioria material militar”, disse, adiantando que está ainda “iminente o envio de aproximadamente 270 toneladas de material adicional, incluindo munições e veículos, perfazendo um total de mais de 950 toneladas”.

Além da Ucrânia, outra das prioridades do Governo ao nível da Defesa é África, com Helena Carreiras a salientar que “a proliferação do terrorismo transnacional e a intensificação de crises humanitárias e de conflitos, em alguns casos ligados à pirataria, constituem outros riscos com os quais importa também lidar”.

“Esta mistura explosiva ocorre em particular nas regiões do Golfo da Guiné e da África Ocidental. Aqui, Portugal assegura uma participação ativa através das Presenças Marítimas Coordenadas da EU, em estreita ligação com a Iniciativa Mar Aberto, mas também através de diversas missões, operações e projetos de capacitação bilaterais e multilaterais no mar e em terra. África permanece uma prioridade estratégica para Portugal”, garantiu.

A nível de investimento interno, a governante destacou a importância para o Governo da aposta na economia de Defesa e na inovação, lembrando que foi aprovada na quinta-feira, em Conselho de Ministros, uma nova estratégia “para a Base Tecnológica e Industrial de Defesa”, que terá medidas calendarizadas.

“A emergência de tecnologias disruptivas e a crescente importância de domínios como o ciber ou espaço, e a necessidade de proteção de infraestruturas críticas, como cabos submarinos de transmissão de dados, a isso nos convoca”, sustentou.

Quanto a projetos da Cooperação Estruturada Permanente da União Europeia (PESCO) na área das tecnologias, Helena Carreiras avançou que será apresentada publicamente no próximo dia 24 de maio a ‘Cyber Academia and Innovation Hub’, que visa uma cooperação entre entidades do setor público e privado, “com vista à formação, treino e exercícios, apoio à investigação, desenvolvimento e inovação e ainda ao desenvolvimento industrial” na área da cibersegurança e ciberdefesa.

No campo da igualdade de género, Helena Carreiras referiu que Portugal atingiu, em dezembro do ano passado, 14% de mulheres nas Forças Armadas.

Num discurso momentos antes, a diretora do Instituto de Defesa Nacional, professora Isabel Ferreira Nunes, avançou que desde que o curso de Defesa Nacional foi criado até este ano já foram formados 2.063 auditores e auditoras.