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A acusação de Kaja é uma das três do processo contra Weinstein, que também é acusado de agredir sexualmente a ex-assistente de produção Miriam Haley em 2006 e de violar a atriz Jessica Mann em 2013.

Associações de apoio especializado à vítima de violência sexual:

Quebrar o Silêncio (apoio para homens e rapazes vítimas de abusos sexuais)
910 846 589
apoio@quebrarosilencio.pt

Associação de Mulheres Contra a Violência - AMCV
213 802 165
ca@amcv.org.pt

Emancipação, Igualdade e Recuperação - EIR UMAR
914 736 078
eir.centro@gmail.com

Em 2020, o fundador dos estúdios Miramax foi condenado neste tribunal de Manhattan a 23 anos de prisão por estes dois últimos casos. Um tribunal de apelações revogou no ano passado a sentença, por defeitos de forma no julgamento.

Kaja explicou que conheceu Weinstein num jantar com outras modelos num restaurante de Manhattan em 2002, quando tinha 16 anos e queria ser atriz. "Senti-me muito especial" porque o então produtor aproximou-se dela para conversar.

Deu o seu número de telefone e alguns dias depois o produtor, então quase 40 anos mais velho que ela, ligou para a convidar para almoçar, mas em vez disso, chegaram a um apartamento e pediu para que ela tirasse a roupa.

"Forçou-me a entrar no quarto de banho. Eu disse que não queria, e disse que precisava trabalhar minha teimosia", lembrou Kaja.

"Se queria ser atriz, era isso o que tinha que fazer", contou, entre lágrimas, ao júri que decidirá o destino do fundador dos estúdios Miramax.

"Quando chegámos ao quarto de banho, as minhas cuecas estavam nos meus joelhos. Ele colocou a mão na minha vagina e a minha no seu pénis" para o masturbar, disse em resposta às perguntas da procuradora Shannon Lucey.

"Nunca tinha estado a sós intimamente com um homem", explicou. Um ano depois desse incidente, começou a beber e sofreu de anorexia e bulimia.

"Senti-me estúpida e envergonhada", descreveu, por isso não contou nada a ninguém. "Achei que a culpa fosse minha", disse, enquanto Weinstein olhava na direção do júri ou apoiava as mãos na testa, cabisbaixo, na sua cadeira de rodas.

Em 2006, Weinstein conseguiu-lhe um trabalho como extra no filme "O Diário de uma Nanny", protagonizado por Scarlett Johansson e Alicia Keys. Num almoço com o magnata naquele ano, atraiu-a para um quarto de hotel em Nova Iorque, sob o pretexto de lhe mostrar um guião.

Quando entraram no quarto, empurrou-a para a cama, tirou os sapatos, as meias e fez-lhe sexo oral. "Pedi que parasse, mas ele não me ouviu. Não chutei, não gritei. Tentava afastá-lo, mas a força era muita e não me conseguia mexer. A minha esperança morreu", descreveu Kaja.

Em 2023, Weinsten, Disney e Miramax fecharam um acordo com a ex-modelo, que recebeu  3 milhões de dólares pela agressão de 2002, além de 475.000 de dólares de um fundo de liquidação contra Weinstein relacionado com o incidente de 2006.

Esta sexta-feira, continua o interrogatório da defesa do empresário, cuja queda impulsionou o movimento #MeToo em 2017.

Weinstein cumpre outra pena, de 16 anos de prisão, imposta por um juiz da Califórnia, por agredir sexualmente e violar uma atriz europeia há mais de uma década.