“Eu sou brasileiro. Então, vou fazer o seguinte, este é o meu acordo: vou lá, peço desculpa, falo ‘por favor, perdoem-se pela minha imbecilidade’, e a única condição que tenho é que, dos 60 mil respiradores que estão disponíveis, eles nos vendam mil, para salvar a vida dos brasileiros, pelo preço de custo”, disse na segunda-feira o ministro Abraham Weintraub, em entrevista à Rádio Bandeirantes.
Abraham Weintraub afirmou que necessita de mil respiradores na rede de hospitais universitários ligada ao Ministério da Educação do país, que também atende pacientes da rede pública de saúde do Brasil.
“Que tragam mil respiradores aqui para os meus hospitais, e eu vou à embaixada [chinesa em Brasília] e digo ‘eu sou um idiota, mil perdões’. (…) Eu aceitaria me humilhar para salvar brasileiros, mas caso contrário não, eles estão cantando de galo”, declarou o governante.
As autoridades chinesas exigiram na segunda-feira uma retratação do Brasil após um comentário do ministro da Educação brasileiro que o país asiático descreveu como “fortemente racista” e que disse causar “influências negativas” nas relações entre os dois países.
“O lado chinês aguarda uma declaração oficial do lado brasileiro sobre as palavras do Ministro da Educação, membro do Governo brasileiro. Estamos cientes de que nossos povos estão do mesmo lado para resistir a palavras racistas e salvaguardar a nossa amizade”, escreve o embaixador da China em Brasília, Yang Wanming, numa publicação na rede social Twitter relativo a um protesto oficial da embaixada chinesa.
A discórdia foi causada por uma mensagem do ministro Abraham Weintraub, que usou a personagem Cebolinha da banda desenhada “Turma da Mónica” para sugerir que a pandemia do novo coronavírus faz parte de um “plano infalível” da China para dominar o mundo.
“Geopoliticamente, quem podeLá saiL foLtalecido, em teLmos Lelativos, dessa cLise mundial? PodeLia seL o Cebolinha? Quem são os aliados no BLasil do plano infalível do Cebolinha paLa dominaL o mundo? SeLia o Cascão ou há mais amiguinhos?”, escreveu Weintraub, este domingo, na sua conta na rede social Twitter.
Cebolinha, uma das personagens infantis mais populares do Brasil, tem problemas de dicção e troca a letra “r” pela letra “l” ao falar, uma substituição que também é associada aos chineses.
O ministro apagou depois a mensagem no domingo.
Num comunicado oficial, também publicado no Twitter, a embaixada da China sustentou que o governante brasileiro, “ignorando a posição defendida pelo lado chinês em vários esforços, fez declarações difamatórias contra o país nas redes sociais e estigmatizou Pequim ao associá-lo à origem da covid-19″.
“Deliberadamente elaboradas, essas declarações são totalmente absurdas e desprezíveis, têm um selo fortemente racista e objetivos indizíveis e causaram influências negativas no desenvolvimento saudável das relações bilaterais”, acrescentou a nota da embaixada chinesa.
A delegação diplomática do país asiático expressou “forte indignação e repúdio à atitude” do ministro da Educação e instou “algumas pessoas no Brasil” a “imediatamente corrigir os erros cometidos e suspender suas acusações infundadas contra a China”.
Já no final de março, Eduardo Bolsonaro, filho do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, acusou a China de ter gerado a crise ao esconder informações sobre a disseminação do novo coronavírus, que causa a doença covid-19.
Na ocasião, o embaixador chinês expressou “repúdio” e “indignação” pelas declarações de Eduardo Bolsonaro e exigiu desculpas, mas nem ele nem o Ministério das Relações Exteriores do Brasil se retrataram oficialmente.
O número de mortos no Brasil nas últimas 24 horas resultantes da pandemia da covid-19 foi de 67, elevando assim o número total de óbitos para 553, informou na segunda-feira o Governo brasileiro.
Nas últimas 24 horas foram registadas 67 mortes e 926 novos casos do novo coronavírus, com o país a contar com um total de 12.056 infetados.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,3 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 73 mil.
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