A agricultura de precisão foi outro setor apontado por Manuel Heitor, em declarações à agência Lusa, depois de discursar numa iniciativa promovida pela Universidade Nova de Lisboa, um dia aberto dedicado à investigação.
“É preciso mais investigação, mas mais orientada para os novos desafios”, afirmou.
Portugal, frisou, atrai neste momento 1,6% do orçamento comunitário na área da investigação e pretende alcançar os 2%.
“Precisamos de mais empresas e de reforçar a colaboração com as universidades e institutos politécnicos”, sustentou o ministro que tutela também a Tecnologia e o Ensino Superior.
Para Manuel Heitor, a Europa precisa de uma “agenda mobilizadora”, o que só pode ser conseguido através do conhecimento e da “diplomacia científica”.
“O conhecimento pode superar divisões, quer a nível nacionalista, quer a nível regional, e pôr a falar atores que de outra forma não falam uns com uns outros”, disse.
Também presente, o diretor-geral da Comissão Europeia para a Investigação, Ciência e Inovação, Jean Eric-Paquet, elogiou o trabalho feito na Nova, afirmando ser a instituição portuguesa com maior impacto ao nível das publicações científicas numa escala global.
Dirigindo-se à investigadora Elvira Fortunato, o responsável europeu declarou que a cientista tem sido uma das principais figuras a ajudar a Europa a liderar o caminho na formulação de políticas baseadas em evidências, afirmando mesmo que a Europa tem “uma dívida de gratidão” para com a investigadora.
A crise que Portugal atravessou na última década foi também lembrada pelo titular, para quem a investigação, a ciência e a inovação se encontram num ponto de viragem na Europa.
“Os próximos meses definirão os próximos anos”, alegou, referindo-se à apresentação, em maio, de uma proposta de orçamento que definiu como “a mais ambiciosa” da história da União Europeia, para este setor, no âmbito do Horizonte Europa.
Para o próximo orçamento da União Europeia (UE) a longo prazo, 2021-2027, a Comissão propõe atribuir 100 mil milhões de euros à investigação e à inovação, de acordo com dados oficiais.
No final da sessão foi entregue a três investigadores da Nova, Raffaela Gozzelino, Ana Margarida Ferreira e Pedro Neves, um prémio patrocinado por uma instituição bancária, na área das ciências da vida.
O projeto vencedor centrou-se na forma como os processos neurológicos podem explicar a tomada de decisão das pessoas, nomeadamente em situações de stress, estudando-se também a influência da presença do ferro nesse processo.
“A partir de estudos laboratoriais com ratos, verificou-se que os animais, quando estão em situações de grande stress, têm um comportamento mais agressivo, registando-se uma acumulação de ferro no córtex pré-frontal do cérebro, que é a zona dos comportamentos e das tomadas de decisões”, de acordo com a informação disponibilizada pela instituição.
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