“As Forças Armadas, e o Exército em particular, não são um capricho”, argumentou Nuno Melo, no seu discurso na cerimónia de comemoração do 359.º aniversário da Batalha de Montes Claros, no concelho de Borba (Évora).

Na cerimónia, perante entidades civis e militares, o ministro da Defesa Nacional afiançou que hoje, “como ao longo de quase nove séculos”, as Forças Armadas Portuguesas “são a primeira expressão de soberania e a última fronteira da independência” do país.

E, tal como há 359 anos, quando se deu a Batalha de Montes Claros, “a última das cinco grandes vitórias de Portugal contra os espanhóis nas chamadas Guerras da Restauração”, no século XIX, o país “continua a precisar dos soldados”.

Questionado pelos jornalistas sobre o nome do antigo primeiro-ministro socialistas António Costa ser apontado à liderança do Conselho Europeu, Nuno Melo escusou-se a comentar este assunto, insistindo que o seu “empenho está direcionado para as Forças Armadas”.

Segundo o ministro, “é tempo de se colocarem as Forças Armadas de novo no centro das preocupações do poder político e nas prioridades do povo português”.

“Quero assegurar-lhes que, com respeito pelas possibilidades orçamentais, lutaremos pelas respostas possíveis que permitam, como já se reclama há tanto tempo, a dignificação das Forças Armadas, a valorização dos antigos combatentes, a atualização dos incentivos ao recrutamento e retenção de militares”, elencou.

Outras apostas, continuou, são na capacitação produtiva e tecnológica da indústria na área da defesa, no reforço estratégico das missões internacionais e na modernização e a adequação de equipamentos e de instalações.

Em declarações aos jornalistas, após a inauguração do Terreiro e Memorial da Batalha de Montes Claros, uma iniciativa promovida pela Fundação Batalha de Aljubarrota, o ministro da Defesa Nacional reiterou que quer “dignificar as Forças Armadas”.

“O mundo alterou-se” e “trava-se uma guerra junto de fronteiras da União Europeia, no perímetro da NATO, há um agravamento da situação no Médio Oriente”, pelo que é preciso ter “Forças Armadas preparadas, equipadas, motivadas”, explicou, frisando que essa “é uma obrigação de cada um dos seus membros” da NATO.

Trata-se de “uma correção de um percurso de muitos anos em que, infelizmente, não se investiu nas Forças Armadas”, afirmou, admitindo não ter “a pretensão de, em três meses”, desde que este Governo tomou posse, inverter essa situação, mas frisou estar a trabalhar, no seio do executivo, “para que sejam assegurados recursos que, a começar, permitam justiça em relação às pessoas”.

Se os militares “não estiverem motivados, nem conseguimos recrutar, nem os conseguimos reter” e, por isso, a prioridade “tem que ser a de dar melhores condições financeiras pela condição militar”, através da “valorização da componente salarial”.

“Espero fazer esse anúncio para breve em relação aos militares do presente, mas também nunca esqueço os militares do passado”, afiançou, aludindo ao objetivo de conseguir “melhorar a vida” dos antigos combatentes, “que precisam que lhes seja feita justiça”.

“E depois há tudo o resto” no sentido “de se respeitarem os compromissos com a NATO”, nomeadamente o investimento na ordem dos 2% do Produto Interno Bruto (PIB), que o Governo estima atingir cerca “de 2030”.