“Temos de cuidar dos nossos tesouros. O que aqui aconteceu em 06 de agosto tem de nos servir a todos de lição. Absolutamente a todos”, afirmou.
O ministro falava na Covilhã, distrito de Castelo Branco, durante a cerimónia de assinatura de contratos-programa, no valor global de 8,9 milhões de euros, para ações de estabilização dos solos e reabilitação de redes hidrográficas nos concelhos afetados pelo incêndio.
Na sessão em que também estiveram os presidentes dos municípios afetados, Duarte Cordeiro destacou que nenhum dos presentes desejou ter de assinar estes contratos, mas salientou que tal se tornou “absolutamente necessário”, após o incêndio que queimou uma grande área do Parque Natural da Serra da Estrela.
O ministro destacou a importância daquela área protegida nos diferentes níveis, para reiterar que este também é um território que tem de ser preservado.
“É um tesouro nacional e temos de preservar estas áreas que nos fornecem água, bens ambientais intangíveis, produtos sustentáveis de elevado valor económico, ar puro e paisagens”, disse.
Recordando, depois, o dia em que o fogo da serra da Estrela começou, exatamente no concelho da Covilhã, referiu então que o que aconteceu tem de servir de lição e ser alvo de “reflexão e análise” para que se retirem ensinamentos.
“Os que realizaram ações de prevenção têm que, necessariamente, avaliar se as medidas foram eficazes e, não tendo sido, têm de melhorar aquilo que é o seu trabalho. Aos que combateram o fogo, exige-se que reflitam sobre a sua ação e retirem também ensinamento dos seus erros, se os houve. Aos que gerem diariamente o território, e por ele zelam, pede-se que ajuízem da sua ocupação, mormente em zonas de risco. Aos que – como eu ou como o Secretário de Estado da Conservação da Natureza e Florestas – temos responsabilidades governativas, que mobilizem os recursos para combater os danos e que reflitamos sobre as políticas para os territórios naturais, nomeadamente sobre o modelo de cogestão das áreas protegidas e da sua direção e da política florestal e da biodiversidade”, afirmou.
O governante referiu ainda que admira “o pragmatismo”, mas que o considera redutor quando este se restringe à execução e não engloba a reflexão, pelo que, repetiu, esse trabalho de “interrogações profundas” e de “reflexão” tem de ser feito.
Centrando-se depois no objetivo da cerimónia, lembrou que o dia era de “ação” e vincou a importância da assinatura destes contratos-programa para evitar maiores danos nos habitats e nas espécies de flora e da fauna, bem como para recuperar os povoamentos florestais que foram severamente afetados.
Mostrou-se ainda satisfeito por todo o trabalho que está a ser feito ser realizado em parceria com os municípios e ressalvou que, se tudo não correu de forma ainda mais rápida, foi porque houve a preocupação de “compatibilizar um conjunto de objetivos que naturalmente preocupavam o território” e o próprio Governo.
Segundo acrescentou, o trabalho no terreno também continuará a ser feito em conjunto e com o acompanhamento das entidades governamentais.
Os contratos-programa assinados hoje têm o valor de 8,9 milhões de euros e foram firmados entre a Agência Portuguesa do Ambiente e o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas com os municípios, entidades gestoras de baldios e de zonas de caça.
Parte do investimento terá de ser executado até ao fim deste ano e o restante ao longo do primeiro semestre de 2023.
O incêndio na serra da Estrela deflagrou no dia 06 de agosto em Garrocho, no concelho da Covilhã (distrito de Castelo Branco), e alastrou a outros concelhos da zona da serra da Estrela.
De acordo com os dados governamentais, este fogo consumiu 28 mil hectares do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE), sendo que o Governo aprovou a declaração de situação de calamidade para este território, a qual vigora durante um ano.
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