“Temos uma cooperação financeira importante. Também, inclusive, perante o assédio económico internacional contra a Venezuela, encontramos em Portugal uma via importante para continuar a cumprir os nossos compromissos”, disse.
Jorge Arreaza falava na sessão de abertura de uma nova reunião da comissão mista de acompanhamento bilateral, que decorre na Casa Amarilla, depois de encontrar-se com o seu homólogo português, Augusto Santos Silva, que está em visita oficial à Venezuela.
“Conseguimos 189 acordos ao longo de 10 anos e neste momento há 22 projetos em execução, mais os projetos que vão surgir desta comissão mista binacional”, frisou.
Jorge Arreaza referiu que na reunião com o seu homólogo português, foi feito “finca-pé” na possibilidade de “garantir os investimentos da comunidade portuguesa na Venezuela, com a segurança que devem ter esses investimentos”.
“É importante, para o setor da alimentação, que produzamos na Venezuela, com investimentos portugueses, com a comunidade portuguesa, com empresários luso-venezuelanos incorporados neste processo”, disse, assumindo que “o rentismo (viver das receitas) petrolífero chegou ao fim, na Venezuela, que tem que começar (a produzir)”.
O ministro sublinhou que “a comunidade portuguesa, os homens e mulheres que vieram de Portugal, no século XX, escapando das dificuldades e procurando uma vida melhor”, tem grande importância para a Venezuela.
“Na imensa maioria dos casos conseguiram (ter sucesso) e além disso fizeram-no duma maneira extraordinária. Em qualquer parte da Venezuela, nas classes médias, nos nossos bairros, nas povoações, está presente Portugal através da sua gente, por exemplo nas padarias e nos supermercados”, disse.
Segundo Jorge Arreaza, o povo português e já venezuelanos-portugueses de novas gerações, estão presentes no país “sobretudo pela sua capacidade de trabalho”.
“São um povo muito trabalhador, que na bonança e nas dificuldades continua trabalhando e apostando na Venezuela (…) gostam da Venezuela e são e sentem-se venezuelanos, como também se sentem portugueses”, frisou.
Por outro lado, referiu que “há alguns anos o comandante Hugo Chávez (falecido ex-Presidente da Venezuela), perguntava como era possível que este vínculo tão estreito entre irmãos, esta comunidade tão importante para a Venezuela, não tivesse expressão em projetos concretos, no económico, tecnológico cultural, a um nível superior”.
“Há 10 anos que as nossas relações passaram a um nível superior”, frisou.
O chefe da diplomacia da Venezuela recordou que na maioria dos lares venezuelanos há pelo menos um computador Canaima (versão local do Magalhães) dos mais de seis milhões que foram distribuídos com a ajuda de Portugal.
“Passou de ser o computador de estudo, do menino, do estudante, a ser o computador da casa, do menino, do pai e do avô, que tem às vezes a sua primeira aproximação tecnológica através da Canaimita, que nasceu de uma experiência portuguesa, o projeto Magalhães”, frisou.
As autoridades venezuelanas, acrescentou, estão também impressionadas com o desenvolvimento tecnológico do porto marítimo de La Guaira, expandido por empresas lusas e com grandes obras de infraestrutura desenvolvidas com investimentos portugueses na Venezuela.
Segundo Jorge Arreaza a comissão mista bilateral chegou a Caracas “com grandes propostas também para a produção de fármacos, de medicamentos”.
“Este ano nós vamos dar grandes saltos na área económica. E sentirá Portugal, a comunidade portuguesa o impacto (positivo) dessas políticas”, afirmou o ministro.
Arreaza tinha começado a sua intervenção enviando saudações ao Presidente e ao primeiro ministro de Portugal e vincando que o Chefe de Estado da Venezuela, Nicolás Maduro “está muito atento a esta reunião”.
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