A Conferência Episcopal Portuguesa divulgou na tarde desta sexta-feira, 8 de maio, as normas a adotar para que seja retomada a celebração das missas. A nota pode ser consultada no site.
"O novo coronavírus continua a propagar-se em Portugal, já que estamos ainda no início desta pandemia. Na parte que lhe cabe, a Igreja tem a grave responsabilidade de prevenir o contágio da enfermidade, em coordenação com as legítimas autoridades governativas e de saúde", é referido no início do comunicado.
Contudo, face "ao controlo progressivo da pandemia" e ao início das medidas de desconfinamento, a CEP refere que espera "retomar brevemente as celebrações litúrgicas comunitárias e abertas e demais atos de culto público", sem referir a data que, segundo divulgado pelo Governo, será a 30 de maio.
Para que isso aconteça são necessárias algumas regras, sendo "preciso ainda esperar algum tempo até ao integral restabelecimento da vida eclesial e religiosa". Para já, para que seja possível retomar as missas — ainda que com algumas diferenças —, "há que garantir a proteção contra a infeção".
"Por isso, a Conferência Episcopal Portuguesa convida todos os fiéis a fazerem por si próprios todos os possíveis para limitar esta pandemia e propõe algumas medidas de proteção que dimanam da caridade fraterna".
As normas, pode ler-se, devem "ser concretizadas em cada Diocese, modificando-as, se for o caso, tendo em conta o que a autoridade de saúde dispuser em cada momento". Além disso, a CEP pede que "os fiéis que estão ou se sentem doentes não vão à missa".
Regras a adotar
Ao entrar nas igrejas:
- Fiéis de grupos de risco não devem frequentar a missa dominical, mas sim durante a semana por haver menos pessoas;
- Devem afixar-se, em sítios bem visíveis, cartazes a lembrar as regras de higiene e de distanciamento social;
- As comunidades cristãs devem organizar equipas de acolhimento e ordem que ajudem os fiéis no cumprimento das normas de proteção;
- As portas de entrada da igreja devem estar abertas para evitar que quem acede tenha de tocar nos puxadores ou maçanetas, nas horas das celebrações;
- Deve haver um pequeno grupo de pessoas a auxiliar as entradas, garantindo a segurança;
- Sempre que possível, as portas de entrada devem ser distintas das de saída e devem existir percursos sinalizados de sentido único, de modo a evitar que as pessoas se cruzem;
- Os fiéis devem higienizar as mãos à entrada com um produto desinfetante, disponível em frascos dispensadores. As pessoas que auxiliam as entradas devem verificar que todos, sem exceção, desinfetam as mãos;
- É obrigatório o uso de máscara. Esta só deve ser retirada no momento da receção da Comunhão;
- O acesso dos fiéis às celebrações será limitado no número de participantes, de acordo com a dimensão da igreja e as regras aplicáveis, pelas autoridades competentes, a todos os eventos em espaços fechados;
- Deve respeitar-se a distância mínima de segurança entre participantes de modo que cada fiel disponha, só para si, de um espaço mínimo de 4m2. A regra não se aplica a pessoas que vivam na mesma casa;
- As distâncias devem ser garantidas barrando acesso a alguns bancos ou alternando as filas, afastando cadeiras ou marcando os lugares com cores ou outra sinalética;
- As primeiras pessoas a entrar devem ocupar os lugares mais distantes da porta de entrada;
- Para descongestionar as igrejas onde vão mais pessoas — e quando os sacerdotes já celebrarem a Santa Missa no número de vezes canonicamente permitido —, podem disponibilizar-se celebrações sem padre, com distribuição da comunhão, nas condições previstas;
- Para evitar que alguns fiéis sejam mandados embora ao chegar a uma igreja já cheia, sugere-se, onde for viável, que sejam efetuadas reservas e que os lugares sejam numerados;
- Pode também privilegiar-se o acesso, rotativamente, aos diferentes lugares, povoações ou arruamentos de cada comunidade cristã;
- Sempre que a meteorologia permitir e haja espaços adequados, deve ser considerada a possibilidade de celebrar ao ar livre, desde que com as devidas condições;
- As pias de água benta junto às entradas da igreja devem continuar vazias.
Durante as celebrações:
- Os fiéis que sintam algum mal-estar devem sair imediatamente, acompanhados pelas pessoas que a comunidade tiver designado para esse efeito;
- Além do sacerdote e diácono, pode haver um número de acólitos adequado ao espaço existente no altar para que se cumpram as regras do distanciamento;
- Podem intervir um ou dois leitores que podem estar situados na assembleia;
- Para a dinamização musical das celebrações, é recomendado que haja um número adequado de cantores, acompanhados de algum instrumento, de preferência o órgão;
- Os leitores e cantores têm de desinfetar as mãos antes e depois de tocarem no ambão ou nos livros. Não podem haver folhas de cânticos nem desdobráveis com as leituras ou qualquer outro objeto ou papel;
- Os recipientes para o ofertório serão apresentados à saída da igreja pela equipa de ordem e acolhimento;
- Os sacristães, acólitos e outros colaboradores da igreja, equipados com máscaras e luvas descartáveis, devem manusear e limpar os utensílios litúrgicos e secá-los com toalhas de papel não reutilizáveis;
- O sacerdote e o diácono desinfetam as mãos antes da apresentação dos dons e são os únicos a pegar nas oferendas e nos vasos sagrados;
- O cálice e a patena deverão estar cobertos com a respetiva pala, apenas sendo destapados quando o sacerdote pega neles para a consagração; as píxides com as hóstias devem ficar fechadas;
- O gesto de paz continua suspenso;
- Na procissão para a Comunhão, os fiéis devem respeitar o distanciamento aconselhado. Caso seja preciso serão marcadas distâncias no chão para ajudar;
- Sendo inevitável a maior proximidade, os ministros que distribuem a Comunhão têm de usar máscara;
- O diálogo individual da Comunhão ("Corpo de Cristo" – "Amen") será dito de forma coletiva depois da resposta "Senhor, eu não sou digno…", distribuindo-se depois a Eucaristia em silêncio;
- Continua a não se ministrar a comunhão na boca e pelo cálice. Eventuais concelebrantes e diáconos comungam do cálice por intinção (mergulham a hóstia no vinho).
Depois da missa:
- As portas de saída devem ser abertas depois da bênção final, pelas pessoas incumbidas da tarefa;
- Os fiéis deixam a igreja e não se aglomeram à saída para qualquer convívio. As primeiras pessoas a sair devem ser as que estão mais próximas da porta de saída;
- A igreja tem de ser arejada durante pelo menos 30 minutos e os pontos de contacto (vasos sagrados, livros litúrgicos, objetos, bancos, puxadores e maçanetas das portas, instalações sanitárias) devem ser cuidadosamente desinfetados.
Outras celebrações:
- Batismo de crianças:
- O ministro traça uma cruz diante da fronte de cada batizando, sem contacto físico; os pais, mas não os padrinhos (a não ser que também eles vivam com a criança a batizar) fazem o sinal da cruz na fronte do filho;
- O ministro faz o gesto da imposição das mãos sobre cada criança, mas sem contacto físico;
- Em todas as celebrações do Batismo é benzida água fresca e limpa, que não pode ser reutilizada. Pode ser usada a mesma concha para todos os batismos, previamente desinfetada.
- Casamentos:
- As celebrações matrimoniais estão sujeitas às mesmas restrições e condicionamentos da missa dominical;
- As alianças devem ser manipuladas exclusivamente pelos noivos.
- Funerais:
- Os funerais devem ser celebrados na igreja e/ou no cemitério com a presença dos familiares, tendo em conta as normas de segurança;
- É recomendada a omissão de gestos de afeto que impliquem contacto pessoal e a importância de se manter a distância de segurança.
- Iniciação cristã dos adultos:
- Nos exorcismos e bênçãos, a imposição das mãos é feita sempre sem contacto físico; o gesto do sopro deve ser substituído pelo gesto de estender a mão direita em direção aos candidatos e catecúmenos;
- Os livros dos Evangelhos a distribuir a cada catecúmeno devem estar previamente higienizados e o celebrante deve desinfetar as mãos antes de proceder à sua distribuição;
- As unções previstas são feitas exclusivamente nas mãos dos catecúmenos, que as estendem com as palmas para cima; o celebrante deve ter o cuidado de não tocar diretamente nas mãos dos catecúmenos;
- Os padrinhos aproximam-se dos eleitos, mas não lhes tocam no ombro, a não ser que sejam familiares que vivam na mesma casa,
- Quando utilizada água seguem-se as regras dos batismos;
- Na imposição da veste branca, rito que se pode omitir, os padrinhos e madrinhas que ajudam os afilhados a revestir a veste higienizam as mãos antes de o fazer, a não ser que sejam familiares dos afilhados e vivam na mesma casa.
- Visitas à igreja para a oração ou adoração ao Santíssimo:
- As igrejas podem estar abertas durante o dia para visitas individuais de oração ou adoração ao Santíssimo Sacramento, desde que se observem os requisitos determinados pelas autoridades de saúde;
- Os fiéis não devem tocar em qualquer imagem ou objeto expostos;
- As visitas turísticas devem ser condicionadas, segundo as orientações das autoridades competentes.
- Ordenações:
- Em termos de participantes, as ordenações estão sujeitas às mesmas restrições e condicionamentos da Missa dominical;
- Com mais do que um candidato, tem de haver procedimentos de higienização entre a realização dos gestos que impliquem contacto com cada ordinando;
- A imposição das mãos não terá contacto físico;
- Na saudação de acolhimento na Ordem, o abraço da paz deve ser substituído por uma vénia recíproca coletiva;
- Antes e depois do gesto de obediência (mãos nas mãos) e da unção, ordinandos e Bispo desinfetam as mãos;
- Os presbíteros e diáconos que auxiliarem os recém-ordenados a revestir-se com os paramentos da sua ordem também devem higienizar as mãos.
- Confissão:
- Para além das medidas gerais, deve escolher-se um espaço amplo que permita manter o distanciamento entre confessor e penitente, que têm de usar máscara, sem comprometer a confidencialidade e o sigilo;
- Ao terminar, aconselha-se repetir a higiene das mãos e proceder à limpeza das superfícies utilizadas.
- Crisma:
- Os Bispos devem ponderar a possibilidade de adiar a celebração do Sacramento da Confirmação. Optando-se pela sua celebração, ministro e crismandos devem usar máscara de proteção no momento da crismação;
- Os padrinhos aproximam-se dos afilhados e, com máscara, dizem o nome do afilhado ao Bispo abstendo-se de tocar no seu ombro;
- Sendo vários os crismandos, o algodão embebido de óleo deve ser único para cada pessoa, tendo o ministro o cuidado de não tocar diretamente na fronte do crismando;
- A saudação da paz limita-se ao diálogo, sem contacto.
- Primeiras Comunhões:
- As crianças preparadas para a Primeira Comunhão, e cujos pais assim o desejem, podem, de acordo com o pároco, fazê-la particularmente ou em pequeno número numa missa dominical, sem excluir uma posterior participação numa celebração mais solene.
- Unção dos enfermos:
- Devem ser redobrados os cuidados de higiene e utilizadas máscaras de proteção, evitando-se o contacto físico na imposição das mãos;
- Na administração do óleo dos enfermos, deve ser usado um pouco de algodão embebido no óleo dos enfermos, de modo a evitar contacto físico;
- Os sacerdotes mais idosos ou enfermos não devem ministrar este Sacramento a pessoas que estejam infetadas por coronavírus.
- Ações formativas e atividades pastorais:
- As atividades como reuniões, ajuntamentos, iniciativas culturais e de restauração, entre outras, devem seguir as regras previstas pelas autoridades;
- As atividades de catequese e outras ações formativas vão continuar a ser realizadas apenas por meios digitais até ao final do ano pastoral;
- Os Bispos podem ponderar a possibilidade de adiar outras atividades, incluindo as visitas pastorais.
- Peregrinações e romarias:
- Peregrinações, procissões, festas, romarias, concentrações religiosas, acampamentos e outras atividades similares em grandes grupos, passíveis de forte propagação da epidemia, continuam suspensas até novas orientações.
A 13 de março, a Conferência Episcopal Portuguesa informou que todas as missas comunitárias estavam suspensas por tempo indeterminado, "em consonância com as indicações do Governo e das autoridades de saúde".
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