O final do primeiro dia da primeira visita oficial de um presidente português à República da Moldova foi reservado para uma visita à adega “Cricova”, com o mesmo nome da cidade onde está sediada, uma das maiores do mundo.
À chegada e antes de percorrer uma parte dos 120 quilómetros de túneis desta cidade subterrânea do vinho, Marcelo Rebelo de Sousa deslocou-se a uma pequena capela, a 60 metros de profundidade, ornamentada com ilustrações que retratam os primeiros seis dias da criação do mundo para os cristãos, e acendeu duas velas pela sua família.
Depois, o chefe de Estado subiu a bordo de um pequeno veículo e fez parte da excursão pelos túneis pouco iluminados, adornados com pipas, ora de um lado, ora do outro.
Marcelo Rebelo de Sousa não foi até às profundezas da adega, com quase 100 metros, e também não foi o primeiro português a descobrir esta cidade subterrânea.
À entrada de uma das galerias da adega estavam fotografias de outras personalidades que caminharam entre garrafas de vinho de um outro tempo, entre eles o antigo candidato à Presidência dos Estados Unidos e hoje enviado especial para o clima John Kerry, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, a antiga chanceler alemã Angela Merkel e outros menos conhecidos, como o antigo presidente do Turquemenistão Gurbanguly Berdimuhammedow, considerado ditador pela comunidade internacional.
Entre as fotografias estavam uma do antigo primeiro-ministro e presidente da Comissão Europeia Durão Barroso e do futebolista Luís Figo.
E por entre milhares de garrafas, Marcelo deixou-se levar pela portugalidade e descobriu coleções privadas de vinho do Porto e da Madeira.
“Olha esta, 1937, duas garrafinhas, Offley Boa Vista. Agora [19]38, outra que tal… Hum, very good ['muito bom']”, disse, fixando com atenção as garrafas já cobertas de pó e um pouco de bolor.
Se na Ucrânia inovou e foi o primeiro chefe de Estado a “enfiar-se” dentro uma trincheira, em Chisinau também houve estreias e Marcelo Rebelo de Sousa foi o primeiro presidente a homenagear com uma coroa de flores Estêvão III “O Grande”, antigo príncipe moldavo que ficou conhecido pela resistência ao império otomano entre os séculos XV e XVI.
O presidente da República está entre hoje e terça-feira numa visita oficial à República da Moldova, a convite da homóloga, Maia Sandu, que visitou Lisboa no início de outubro.
Marcelo Rebelo de Sousa teve encontros privados com o presidente do parlamento e o primeiro-ministro, vai participar numa palestra para estudantes universitários e na assinatura de um memorando entre a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e a congénere moldava.
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