“Houve um Conselho de Estado e parece que houve um primeiro-ministro amuado. Houve um primeiro-ministro que não prestou explicações aos conselheiros de Estado, ao senhor Presidente da República, não prestou explicações sobre a situação económica, sobre a situação social, sobre aquilo que é a sua responsabilidade”, criticou.
“Eu não sei se o primeiro-ministro tenciona andar a vitimizar-se à conta desse conflito que está a criar com o senhor Presidente da República para ver se tem algum ganho político, partidário, eleitoral no próximo ano, não sei, desconfio, que deve ser qualquer coisa como isso”, acrescentou.
O líder do PSD falava no decorrer de um jantar com militantes e simpatizantes do partido em Arronches, no distrito de Portalegre, no decorrer de uma ação inserida no programa ‘Sentir Portugal’, promovida pelo PSD.
Luís Montenegro, que alertou os presentes para o “empobrecimento do país”, lamentou ainda que os portugueses estejam a passar por uma fase de “degradação institucional como não há memória”.
“Já tínhamos um conjunto de demissões no Governo que não tem nenhum paralelo na nossa história democrática e, agora, pelos vistos, temos a vontade de um primeiro-ministro de querer entrar em conflito com o Presidente da República”, lamentou.
O líder social-democrata lamentou também que o primeiro-ministro esteja “zangado, chateado”, porque o Presidente da República exerceu as suas competências, ao vetar um pacote legislativo na área da habitação.
“E fez muito bem [veto], porque fez aquilo que o povo português exige que ele faça, que é não promulgar legislação que toda a gente já viu que não vai produzir o resultado que é pretendido”, defendeu.
“Se o primeiro-ministro não tem ´fair play democrático` para conviver com o equilíbrio de poderes em Portugal, se o primeiro-ministro fica amuado, se o primeiro-ministro quer acrescentar à crise socioeconómica que já temos, também uma crise institucional, vai por mau caminho e escusa-se de vir armar em vítima, porque aqui a responsabilidade é só dele”, acrescentou.
Luís Montenegro pediu para que os portugueses “comecem a olhar” para o PSD e para a forma como encaram a função de liderança de um Governo, que é marcada pela “responsabilidade”, com “sentido institucional e com ´fair play democrático`”, respeitando, os outros partidos, agentes políticos e os outros órgãos de soberania.
No seu discurso, o líder do PSD recordou ainda que o país está “mais pobre e desigual”, voltando a exigir que o Governo baixe os impostos e criticou António Costa em relação à política agrícola, afirmando também que a ministra da Agricultura “não tem autoridade”.
“O país como um todo é um país que está mais pobre, o país como um todo é um país onde o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está cada vez pior, do que é que vale ao PS encher a boca a dizer que foi o pai e a mãe do SNS, coisa que nem sequer é verdade, mas enfim, vamos deixá-los com essas conversas”, disse.
“Eles (PS) e o doutor António Costa em especial, é doutorado em conversa, mas nós precisávamos era que ele fosse doutorado em fazer coisas boas, em transformar, em reformar, em melhorar a vida das pessoas”, acrescentou.
Portalegre é o 13.º distrito escolhido pelo presidente do PSD, na sequência do compromisso que assumiu no 40.º Congresso de passar uma semana por mês nos diferentes distritos de Portugal.
Luís Montenegro está desde domingo a percorrer os 15 concelhos que compõem aquele distrito do Alto Alentejo, terminando este périplo na quarta-feira, em Portalegre.
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