"O crescimento económico, a empresa e a segurança estão colocados em causa e exigem sentido de responsabilidade e estabilidade. A melhor forma de garantir a nossa segurança é investir na nossa defesa individual e coletiva", começou por dizer Luís Montenegro.

"É um investimento com retorno na nossa segurança e na estabilidade do país". Neste sentido, o primeiro-ministro anunciou a antecipação da meta de atingir os 2% do PIB de investimento na Defesa, previsto até 2029.

Segundo Montenegro, o objetivo é também "investir em produtos produzidos em Portugal, contribuindo para o dinamismo da indústria nacional e estimulando o potencial da nossa capacidade exportadora".

"Queremos potenciar projetos tecnológicos na área da Defesa em Portugal, uns que já estão num adiantado estádio de desenvolvimento, como é o caso dos drones de última geração, e outros que estão à nossa frente com elevado potencial, como é o caso do setor aeronáutico ou marítimo", acrescentou.

Quanto às tarifas, o primeiro-ministro admitiu na quarta-feira a sua preocupação com a aplicação e disse estar “em diálogo permanente com a Comissão Europeia”.

Hoje, após o Conselho de Ministros, lembrou a relação com os EUA. "Portugal está ligado aos Estados Unidos da América por uma sólida amizade e uma intensa relação política e económica. Ambos somos fundadores da Aliança Atlântica e, a nível bilateral, temos um acordo de cooperação e de defesa".

"Por vezes, é preciso assumi-lo, até com os nosso grandes amigos temos algumas divergências". Assim, o "aumento de tarifas que ontem os Estados Unidos começaram a aplicar, mas que entretanto suspenderam", ameaça "o crescimento económico mundial e pode conduzir a um conflito comercial que, na nossa perspetiva, não beneficia ninguém", afirma Montenegro.

"Portugal saúda a pausa de 90 dias, que mostra bem que este não é um tempo para declarações precipitadas e irrefletidas. Continuaremos a trabalhar com a Comissão Europeia e a acompanhar as negociações da União Europeia, mas sempre com a consciência de que uma pausa, esta pausa, é apenas isso mesmo, uma pausa. E temos de ter o trabalho de casa feito, dentro de portas e também à escala europeia", alertou.

Montenegro lembrou também que "a história ensina que o protecionismo gera inflação, ineficiência económica, redução da inovação e retaliações comerciais. A prosperidade que o mundo em geral e o Ocidente em particular conheceram nas últimas décadas teve como um dos seus elementos centrais o comércio livre, assente nas regras da Organização Mundial do Comércio".

Para responder às tarifas americanas, o governo preparou um conjunto de medidas "com um volume superior a dez mil milhões de euros", anunciou o primeiro-ministro.

Montenegro defendeu que o quadro de atual incerteza mundial agravado pela crise das tarifas “é mesmo o momento de ter adultos na sala”, avisando para a “impreparação e precipitação de alguns agentes nacionais”.

O primeiro-ministro defendeu que “não é tempo de aventuras” e que “nunca a estabilidade, a experiência, a prudência e a maturidade política foram tão decisivas”.

“Como diz o povo, é mesmo o momento de ter adultos na sala. Sem alarmismos, sem precipitações, estamos preparados e tomaremos as decisões necessárias para lidarmos o melhor possível com esta situação desafiante”, afirmou o primeiro-ministro.

A pouco mais de um mês de legislativas antecipadas, Montenegro considerou que o país não pode “acrescentar à incerteza e ao risco externo e internacional a irresponsabilidade, a precipitação e a impreparação de alguns agentes nacionais”.

“Os portugueses não esquecem o défice descontrolado e a dívida galopante ou o desemprego elevado, causados por receitas ilusórias que depois impuseram um enorme sacrifício para que fossem ultrapassadas. Por isso, não abdicamos de contas certas, nem vendemos ilusões que amanhã nos possam sair mais caras”, frisou.

De recordar que o Ministério da Economia reuniu-se com associações empresariais de diversos setores entre terça-feira e quarta-feira para avaliar "o impacto e as medidas de mitigação" das tarifas que o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou, de 20% a produtos importados da União Europeia (UE) e que acrescem às de 25% sobre os setores automóvel, aço e alumínio.

A UE aprovou por maioria a aplicação de tarifas de 25% a produtos norte-americanos, em resposta às tarifas aplicadas pelos Estados Unidos da América.