Um abaixo-assinado de moradores e comerciantes do centro histórico de Leiria, dirigido ao comandante distrital da Polícia de Segurança Pública (PSP), alerta para um “profundo descontentamento com as condições de segurança” nesta área.

Através do documento, subscrito por 61 pessoas, alerta-se para “assaltos a estabelecimentos, assaltos em pleno dia a cidadãos na rua, vandalismo, desacatos e ameaças em primeira mão à porta de estabelecimentos comerciais”, assim como “violência gratuita”.

“A sensação com que fica a população é de uma falta de segurança extrema”, lê-se no abaixo-assinado, dado a conhecer também ao presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes.

O documento cita depois o comandante distrital da PSP, José Figueira, na cerimónia do 149.º aniversário do Comando Distrital da PSP, em Pombal, em junho.

Na ocasião, José Figueira afirmou que a “segurança é um fator decisivo e basilar para o desenvolvimento da economia, o que permite atrair e fixar investimentos, para além de ser o pressuposto para o exercício dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos num Estado de Direito democrático”.

Então, este responsável explicou que, nos últimos 10 anos, o “Comando Distrital de Leiria da PSP assistiu a uma diminuição do seu efetivo em cerca de 50 polícias”.

“Este número não seria excessivamente preocupante caso não tivesse coincidido temporalmente com a assunção de responsabilidades e atribuições acrescidas que exigiram a reafetação de recursos da qual decorreu uma diminuição do policiamento de proximidade e visibilidade”, adiantou, assinalando ainda que, acresce a este contexto, o crescimento de agentes em baixa médica e em serviços remunerados.

À margem da cerimónia, José Figueira garantiu, contudo, que “a missão é sempre cumprida”.

Na mesma ocasião, o diretor nacional da PSP, Magina da Silva, disse que não iria haver mais recursos humanos.

Os subscritores dizem compreender “as limitações de recursos” com que se depara o Comando Distrital, mas observam que “a falta de operacionais no terreno resulta numa notória diminuição do policiamento de proximidade e visibilidade, o que, por sua vez, se desdobra em preocupações por parte da população, especificamente os moradores e comerciantes da baixa leiriense”.

“Sentimos que estamos cada vez mais distantes do seu comando de forças policiais, cuja ausência de patrulhamento, demora na resposta e intervenções infrutíferas acabam por reforçar a sensação de abandono e a ideia de que não há quaisquer consequências para com este tipo de comportamento”, destacam.

Reconhecendo que está em implementação a segunda fase do sistema de videovigilância na cidade, os comerciantes e moradores consideram, contudo, que sem operacionais no terreno o sentimento é de que estão “numa terra, bairro, sem lei”.

“(…) Sem qualquer intenção de provocação, mas em jeito de suplica, não conseguimos em boa consciência concordar com vossa excelência quando diz que a vossa missão é sempre cumprida”, acrescenta o abaixo-assinado.

A semana passada, um dos subscritores do documento esteve na reunião do executivo municipal, onde relatou situações de vandalismo, violência e insegurança no centro histórico.

Na reunião, o presidente do município, Gonçalo Lopes, reiterou a necessidade de reforço de agentes da PSP na cidade de Leiria, exemplificou com o investimento municipal na videovigilância e garantiu disponibilidade para “estudar com a PSP outro tipo de colaborações”.

Em junho, foram conhecidos episódios de violência junto a estabelecimentos de diversão noturna na cidade de Leiria, sendo que num dos casos as imagens circularam nas redes sociais.

O Ministério da Administração Interna acabou por determinar o encerramento da discoteca Mandarim por seis meses, por razões de segurança pública.