Simcha Rotem, cujo nome de guerra era "Kazik", foi um dos encarregados da Organização de Combate Judaica, que planeou o levantamento no gueto de Varsóvia em 1943, quando as forças nazis decidiram deportar os últimos judeus da capital polaca para os campos de morte
Apesar de ser um plano destinado a falhar dada a supremacia militar alemã, a campanha de revolta simbolizou a recusa dos judeus de sucumbirem às atrocidades dos nazis e inspiraram outras manobras de resistência por judeus e não judeus.
"Ele aderiu ao levantamento e ajudou a salvar dezenas de combatentes", informou o presidente Rivlin numa mensagem de condolências. Após o final da Segunda Guerra Mundial, Simcha Rotem instalou-se em Israel.
A revolta do gueto de Varsóvia, de 19 de abril a 16 de maio de 1943, foi o facto mais conhecido da resistência judaica contra os nazis. Simcha Rotem participou em operações de combate e salvamento de judeus pela rede de esgotos enquanto a cidade ardia.
A situação em que Varsóvia descambou era muito diferente aquando ao nascimento de Rotem, em 1924, quanto um terço da população da cidade era composto por uma vibrante comunidade judaica. Quando os confrontos começaram, o combatente foi ferido num bombardeamento alemão que destruiu a sua casa e matou o seu irmão, assim como outros parentes próximos.
O gueto de Varsóvia inicialmente continha 380 mil judeus, mas no seu pico este número chegou a meio milhão, condenado a uma vida miserável de fome, doença e sujeição a rusgas, confiscações e raptos pelas autoridades nazis.
A resistência começou a crescer depois de um ato de deportação massiva a 22 de julho de 1942, quando as autoridades levaram 265 mil homens, mulheres e crianças para o campo de morte de Treblinka. Anteriormente convencidos que o seu destino eram campos de trabalho, os judeus começaram a tomar consciência de que o que os esperava era o genocídio, formando-se pequenos grupos de rebeldes que empreenderam em atos de sabotagem e ataques isolados.
Dois mil polícias alemães e as forças especiais SS entraram no gueto em abril de 1943 para deter dezenas de milhares de sobreviventes que tinham escapado até então à deportação para os campos de morte, isto depois de incendiar a cidade.
A operação devia durar apenas três dias, mas os nazis foram surpreendidos com uma dura resistência, que os obrigou a mobilizar importantes reforços. Os resistentes aguentaram-se fortificados em bunkers, conseguindo matar 16 soldados nazis e ferir perto de 100, mas, no total, 13.000 judeus morreram, queimados ou em câmaras de gás nesta operação. Os outros foram deportados.
Simcha Rotem, que conseguiu escapar, participou na guerra depois do levantamento de Varsóvia, em agosto de 1944, lutando ao lado da Resistência polaca. Depois disso, quando se dirigiu para o território de Israel antes deste se tornar um estado, lutou na sua Guerra da Independência. Morreu de doença prolongada.
Mais tarde, tornou-se membro do comité Yad Vashem, a Autoridade de Recordação dos Mártires e Heróis do Holocausto, sendo responsável por escolher os "Justos entre as Nações", os não judeus que arriscaram as suas vidas durante o Holocausto para salvar judeus.
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