O velório decorrerá hoje na Igreja da Lapa, entre as 16:00 e as 20:00, e o funeral realiza-se na segunda-feira pelas 09:45, saindo da mesma Igreja, disse à Lusa o filho Manuel Serrão.
A morte de Daniel Serrão decorre dos problemas de saúde, sobretudo de natureza respiratória, com que ficou desde que foi atropelado, há mais de dois anos, e dos quais “nunca mais recuperou”, acrescentou.
Manuel Serrão manifestou ainda o desejo de que seja “respeitada a natureza privada dos atos fúnebres”.
Daniel Serrão nasceu na freguesia de São Diniz, na cidade de Vila Real de Trás-os-Montes, em 01 de março de 1928.
Em 1944 completou o Curso Geral dos Liceus, em Aveiro, com 18 valores. Antes, frequentou os Liceus de Viana do Castelo e Coimbra. Em Aveiro terminou, em 1945, o Curso Complementar de Ciências, com 18 valores.
Em 1951 completou o Curso de Medicina, com média final de 17 valores.
Cumpriu o serviço militar obrigatório, de 1951 a 1953, prestando serviço no Hospital Regional n.º 1 do Porto.
Casou em 1958 com Maria do Rosário de Castro Quaresma Valladares Souto de quem teve seis filhos (um deles falecido em 1993) e nove netos.
Doutorou-se em 1959, com 19 valores. Concorreu em 1961 a professor extraordinário de Anatomia Patológica e é aprovado por unanimidade. De outubro de 1967 a novembro de 1969, esteve mobilizado, em Luanda, prestando serviço no Hospital Militar como anatomopatologista.
Concorreu a Professor Catedrático em 1971 sendo aprovado por unanimidade, assumindo a direção do Serviço Académico e Hospitalar de Anatomia Patológica.
De 24 de junho de 1975 até 30 de junho de 1976 esteve demitido de todas as suas funções em consequência de um saneamento, que foi anulado por decisão do Conselho da Revolução, tendo-lhe sido pagos os vencimentos dos doze meses durante os quais foi impedido de exercer as suas funções académicas e hospitalares.
Montou e dirigiu um laboratório privado de Anatomia Patológica que, de julho de 1975 até dezembro de 2002, realizou um milhão e seiscentos mil exames histológicos e citológicos para hospitais públicos e para clientes privados. Foi jubilado em 1 de março de 1998.
Foi também membro eleito do Bureau do CDBI de 1996 a 2000 e de 2004 a 2008. Entre 1997 e 2008 ocupou o cargo de president do Working Party on The Protection of the Human Embryo and Foetus (CDBI CO-GT3) .
Daniel Serrão foi ainda membro do Conselho Científico das Ciências da Saúde do Instituto Nacional de Investigação Científica (INIC) desde 1980 até à sua extinção pelo Decreto-Lei 188/92, ou seja, durante 12 anos.
Ocupou os cargos de presidente da Comissão de Fomento da Investigação em Cuidados de Saúde, do Ministério da Saúde, desde 1991 até 2008, de presidente do Conselho de Ética da Saúde do Hospital da Ordem da Trindade e de presidente do Conselho Médico da Médis.
Daniel Serrão foi ainda conselheiro do papa, por ser membro da Academia Pontifícia para a Vida.
Durante dez anos fez parte do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV).
Desempenhou igualmente os cargos de orientador de 17 dissertações de Mestrado em Bioética dos cursos da Faculdade de Medicina, Instituto de Bioética e Faculdade de Filosofia da Universidade Católica Portuguesa (UCP) de Braga e de professor nos Mestrados de Bioética da UCP.
Recebeu vários prémios ao longo da vida, um dos quais o Prémio Pfizer, com que foi distinguido em 1958, 1961 e 1971, e o Prémio Nacional de Saúde, atribuído pela Direção-Geral da Saúde (DGS), em 2010.
Daniel Serrão foi ainda agraciado com a Medalha de Mérito da Ordem dos Médicos (2002), a Medalha Serviços Distintos do Ministério da Saúde grau Ouro e a Medalha de Mérito Militar do Ministério da Defesa.
Em 2008 recebeu do então Presidente da República Cavaco Silva a Grã Cruz da Ordem Militar de Santiago de Espada.
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