"Posso confirmar que faleceu", afirmou a porta-voz do Ministério Público de Hildesheim, na Baixa Saxónia, Christina Pannek, indicando também que a disse que a morte foi por causas naturais.
Münter, envolvido no massacre na localidade de Ascq, norte da França, que ocorreu em 1944, foi indiciado em julho por incitar ao ódio racial e violar a memória dos falecidos.
Segundo o jornal francês Le Monde, o ex-soldado nazi afirmou no fim de 2018 ao canal público alemão ARD que não acreditava na morte de seis milhões de judeus durante o Holocausto. "Li recentemente em algum lugar que este número é falso, não acredito nisso", disse.
Ao ser questionado se lamentava o massacre de Ascq, no qual morreram 86 civis, todos homens, afirmou que não participou diretamente no ataque, mas respondeu: "Não, de jeito nenhum, por que é que eu me arrependeria?". "Se prendo as pessoas, sou responsável por elas. E se tentam fugir, tenho o direito de atirar", completou.
O julgamento aconteceria na Alemanha em função do estado de saúde do acusado, mas dado a sua morte, Christina Pannek indicou que o processo em curso "foi anulado".
Perante a morte de Münter, Marguerite-Marie Béghin, filha mais velha de uma das vítimas do massacre de Ascq, diz que justiça já não será feita. "Este julgamento, não o queríamos com um espírito de vingança, mas sim para nos exprimirmos, para testemunharmos, para falar sobre as vítimas e o nosso sofrimento, disse a mulher, que tinha sete anos de idade quando ocorreu o evento e que, desde então, acorda "todas as manhãs a pensar no massacre".
Ocorrido na madrugada entre 1 e 2 de abril de 1944, o massacre de Ascq foi perpetrado por retaliação ao descarrilamento de um comboio que carregava 350 tropas das SS.
Tendo o processo relacionado com as suas ações no massacre sido iniciado em 2013, na Alemanha, em 2018 um tribunal descontinuou os procedimentos ao considerar que Münter já tinha sido condenado num tribunal militar em França em 1949 e que, por isso, não poderia voltar a julgado.
Apesar das condenações de que foi alvo, Münter nunca foi preso e pôde continuar a sua vida enquanto carteiro na Alemanha, apesar de manter simpatias com a ideologia nazi. O jornal francês recorda que, em novembro 2018, o ex-SS participou num comício do partido neo-nazi NPD no estado da Turíngia, onde foi recebido como um herói.
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