Existem as notícias falsas, existe conteúdo falso e, a julgar pelas conclusões de um novo inquérito conduzido pela Resume Builder, uma plataforma que ajuda a montar e a fazer currículos online, existem também muitos anúncios de trabalho falsos.
Para os efeitos do estudo, foi realizado, em maio, um inquérito a 649 responsáveis pelo recrutamento das suas empresas para avaliar a prevalência da publicação de anúncios de emprego falsos. E, segundo as conclusões do levantamento, há "uma tendência preocupante" desta prática que constitui um "problema crescente" no mercado de trabalho.
Eis alguns dados-chave divulgados:
- 40% das empresas publicaram um anúncio de emprego falso este ano;
- 3 em cada 10 empresas têm atualmente anúncios falsos ativos;
- Os responsáveis pelo recrutamento afirmam que a publicação de anúncios de emprego falsos levou a um aumento das receitas, da moral e da produtividade;
- 7 em cada 10 responsáveis pelo recrutamento acreditam que publicar anúncios de emprego falsos é moralmente aceitável;
- Os cargos destes empregos fantasma variam e vão desde as funções mais baixas e iniciais a cargos executivos.
O que leva as empresas a publicar anúncios de emprego fantasma? De acordo com o estudo, existem várias razões. Por exemplo, muitas fazem-no para dar a entender que a empresa está aberta a talentos externos ou para passar a imagem de que está a crescer e a expandir o negócio.
No entanto, muitas também o fazem por outros motivos, como para fazer com que os empregados acreditem que a sua carga de trabalho será aliviada com a chegada de novos colegas ou para fazer com que os atuais empregados sintam que não são insubstituíveis.
Há anúncios fantasma online durante meses
As listas com posição de emprego falsas são mantidas ativas durante vários períodos de tempo.
De acordo com os dados do inquérito, 6% das empresas mantêm-nas ativas, em média, por menos de uma semana, 28% por algumas semanas, 31% por um mês, 19% por três meses, 7% por seis meses, 9% por um ano ou mais.
Os anúncios de emprego fantasma foram publicados em várias plataformas, incluindo 72% no sítio da empresa, 70% no LinkedIn, 58% no Zip Recruiter, 49% no Indeed, 48% no Glassdoor e menos de 1% noutras plataformas.
A posição não existe, mas as entrevistas acontecem
Das empresas que contactaram os candidatos, 85% afirmam que os candidatos foram entrevistados.
Já quanto à frequência com que os candidatos a estes falsos empregos foram contactados, 39% dos inquiridos indicam que estes foram "sempre contactados", enquanto 45% dizem que os candidatos foram contactados "às vezes", 12% dizem que "raramente" foram contactados e apenas 5% responderam que "nunca" foram contactados.
"É um cenário preocupante"
Stacie Haller, Chief Career Advisor da Resume Builder, admite que "o cenário é preocupante" porque estes anúncios têm origem nos departamentos de Recursos Humanos, entidade que está encarregada de moldar as perceções das organizações. Seja como for, na sua opinião, este tipo de prática não é aceitável.
"Quer seja para criar uma ilusão de crescimento ou para promover um sentimento de substituibilidade entre os funcionários, tais práticas não são aceitáveis. Os trabalhadores merecem transparência sobre as empresas às quais dedicam seu tempo, em vez de serem enganados por falsas representações", sublinha.
"Qualquer tática destinada a minar o sentimento de valor e segurança dos trabalhadores é deplorável. Em última análise, a promoção de um ambiente de confiança e honestidade não só beneficia os trabalhadores individualmente, como também contribui para o sucesso a longo prazo e para a reputação das próprias empresas", remata.
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