“Não fiz aquela fogueira por mal, nem pensei que me ia causar aqueles problemas”, disse a mulher, que começou hoje a ser julgada no Tribunal de Aveiro por um crime de incêndio florestal agravado.

Perante o coletivo de juízes, a arguida contou que ateou “uma fogueirita” em frente ao portão da sua residência, quando estava a fazer uma limpeza do local, por haver ali “muita bicharada”.

“Aquilo só fazia fumo. Não deitava labaredas, nem fagulhas”, disse a mulher, adiantando que não havia necessidade de chamar os bombeiros, uma vez que tinha uma mangueira de água, se fosse necessário apagar alguma coisa.

A mulher afirmou ainda desconhecer que era necessária uma autorização da autarquia para realizar uma fogueira naquela altura do ano.

O coletivo de juízes ouviu ainda a mulher que chamou os bombeiros, quando estava a circular de carro no local, e viu "dois montes de entulho com pasto a arder" à beira da estrada.

"O tempo estava muito abafado e a qualquer momento aquilo podia-se propagar", contou a testemunha.

Foi também ouvido um inspetor da Policia Judiciária (PJ) que referiu que a arguida já estava a ser investigada desde 2020 por factos relacionados com fogos, que "ocorriam sempre" junto à sua residência.

O caso ocorreu na tarde de 2 de junho de 2024.

Segundo a acusação do Ministério Público (MP), a arguida saiu de casa munida de fósforos e, de seguida, pegou fogo à vegetação existente junto do muro que delimita a sua propriedade, em Válega, Ovar.

De acordo com a investigação, o fogo evoluiu rapidamente para “labaredas de grandes dimensões e abundantes”, o que acabou por assustar a arguida, que aparentava estar alcoolizada, e provocar-lhe algumas queimaduras nos membros superiores.

Devido à pronta atuação dos bombeiros, o fogo acabou por consumir apenas uma área de 50 metros quadrados de estrato herbáceo.