"Na sexta-feira ela tentou tirar a própria vida", disse à AFP o advogado da vítima, Mauricio Cardello, afirmando que por esse motivo não compareceu à audiência marcada para a semana passada e que não comparecerá nesta terça-feira para receber o resultado de um dos exames psiquiátricos que foram realizados.
Cardello disse que a denunciante "encontra-se atualmente numa situação emocional muito sobrecarregada" e que "está a ser atendida por psiquiatras no hospital público de Lagomaggiore", na província argentina de Mendoza, onde reside.
Outra das suas advogadas, Natacha Romano, explicou à AFP que a tentativa de suicídio ocorreu por volta das "3:00 locais de sexta-feira e que a presença do seu pai evitou um desfecho fatal".
Na sexta-feira passada, Cardello explicou aos jornalistas em Mendoza que a ausência da sua cliente devia-se a "problemas de estômago, dores bastante fortes" que a impediam de estar "em boas condições".
A mulher denunciou os jogadores franceses Hugo Auradou e Oscar Jegou, ambos de 21 anos, por violação após um encontro ocorrido na noite de 6 para 7 de julho num quarto de hotel em Mendoza, a 1.000 quilómetros de Buenos Aires, onde a seleção francesa de râguebi tinha acabado de disputar uma partida contra a seleção local.
A denunciante, que conheceu os jogadores numa discoteca e foi com um deles para um hotel, disse que sofreu violação e violência por parte dos dois, que estavam no quarto. Os acusados admitem ter tido relações sexuais com ela, mas afirmam que foram consensuais e negam ter utilizado violência.
Os atletas foram detidos no dia 8 de julho e colocados em prisão domiciliária no dia 17 daquele mês. Há duas semanas foram libertados por decisão do Ministério Público, embora tenham sido proibidos de sair da Argentina enquanto durasse a investigação.
O Ministério Público informou que não existiam elementos para solicitar a prisão preventiva dos acusados porque não havia provas suficientes e "porque existiam francas contradições internas e periféricas" na história da denunciante.
Nesta terça-feira, os advogados dos jogadores, convencidos de que a posição do Ministério Público está enfraquecida, pretendiam apresentar um pedido de arquivamento do processo para obter autorização para o seu regresso à França.
A ausência da denunciante na audiência desta terça não impede a priori que os defensores dos franceses apresentem o seu pedido de arquivamento do caso, disse à AFP Martín Ahumada, porta-voz da justiça provincial de Mendoza.
O advogado dos jogadores, Rafael Cúneo Libarona, disse à AFP que a decisão da denunciante de não comparecer pretende "frustrar o andamento do processo" e afirmou que ainda está a avaliar se deve ou não apresentar o pedido de demissão.
Caso o pedido seja concretizado, será a vez do Ministério Público se pronunciar, e será convocada uma audiência para que um juiz decida nos dias seguintes.
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