Em entrevistas ao The Guardian, nove mulheres alegaram ter sido vítimas de assédio enquanto tentavam percorrer os Caminhos de Santiago nos últimos cinco anos e várias delas afirmaram mesmo ter receado pelas suas vidas.
Sete das mulheres referem ter encontrado homens em Espanha e Portugal que se masturbavam, um dos quais chegou a perseguir a peregrina pelo campo.
Outra mulher disse que se defendeu de toques indesejados e de comentários obscenos de vários homens, enquanto a nona mulher disse que um homem parou numa carrinha enquanto ela caminhava e instou-a a entrar.
Os incidentes ocorreram normalmente quando as mulheres caminhavam sozinhas ao longo de troços remotos do Caminho de Santiago. Das nove mulheres, seis denunciaram os incidentes à polícia. Em apenas um caso o agressor foi localizado e processado.
Em Portugal, as autoridades afirmaram que, desde 2023, receberam cinco denúncias de peregrinos, todas relacionadas com incidentes de exibicionismo. Nenhum dos suspeitos foi identificado e não foram efetuadas detenções. Entre maio e outubro, a polícia intensificou as patrulhas ao longo de várias rotas em Portugal, a fim de melhor proteger os peregrinos.
Contudo, estes casos não são novidade. "O assédio sexual é endémico no Caminho. É muito comum. Todos os anos recebemos relatos de mulheres que passaram pelas mesmas coisas", referiu ao jornal britânico Lorena Gaibor, a fundadora de Camigas, um fórum online que tem vindo a juntar mulheres peregrinas desde 2015.
Alguns incidentes têm vindo a público nos últimos anos. Em 2018, uma mulher venezuelana de 50 anos foi alegadamente raptada e violada por dois homens enquanto caminhava pelo noroeste de Espanha. No ano passado, a polícia espanhola prendeu um homem de 48 anos acusado de manter uma peregrina alemã de 24 anos contra a sua vontade em sua casa e de a ter violado sexualmente. Em 2019, a polícia portuguesa deteve um homem de 78 anos acusado de raptar e tentar violar uma peregrina alemã.
Nos últimos anos, a popularidade das várias rotas de peregrinação tem aumentado, especialmente entre as mulheres. No ano passado, um recorde de 446.000 pessoas percorreram os Caminhos de Santiago, 53% das quais eram mulheres, segundo Pedro Blanco, representante do governo central espanhol na Galiza.
"Mais de 230.000 mulheres fizeram-no no ano passado, e muitas delas não hesitaram em fazê-lo sozinhas", disse recentemente aos jornalistas.
Comentários