Portugal “não pode permitir que o aprofundamento das assimetrias se mantenha”, disse o presidente da Secção de Municípios Cidades Inteligentes, da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Almeida Henriques
“[Hoje] não podemos só pensar nas estradas, na água e no saneamento, temos também de pensar que ninguém se deslocaliza a lado nenhum se não tiver acesso à internet e acesso digital”, declarou Almeida Henriques, defendendo que a cobertura de todo o território por estes meios “tem de ser um desígnio nacional”.
Almeida Henriques, que também é vice-presidente da ANMP e presidente da Câmara de Viseu, falava hoje, em Coimbra, na sede da Associação de Municípios, na apresentação do programa do ‘Smart Cities Tour 2019’.
Cobrir todo o país com rede e tecnologia avançadas é “um desígnio nacional que tem de ser assumido” por este e pelo próximo governo, talvez num “prazo de quatro anos, sob pena de já ser tarde”, alertou ainda Almeida Henriques, sublinhando que com o ‘Smart Cities Tour 2019’ (a terceira edição da iniciativa) os municípios querem “apanhar bem o barco do próximo quadro comunitário de apoio [Portugal 2030]”.
É nessa perspetiva que os Municípios Cidades Inteligentes (a maior secção da ANMP, reunindo 136 autarquias) prevê, no final do ‘tour’, em maio, apresentar três dezenas de propostas para que “sejam integradas no Portugal 2030” – ao contrário do que sucede com o programa em vigor (Portugal 2020) – e para que, “de facto, a vertente tecnológica possa ser também um fator de alavancagem do desenvolvimento territorial”.
“Estamos a falar da aplicação de tecnologia à promoção de qualidade de vida e à promoção de um ambiente mais saudável”, assinalou o autarca, acrescentando que “Portugal, em bom rigor, tem hoje uma boa dinâmica, quer ao nível da produção industrial, no sentido lato”, quer das cidades.
Almeida Henriques destacou, ainda, que há “30 cidades no país com estratégias concertadas” no do domínio da inteligência.
Essas cidades, salientou, “já estão a passar para a fase, não dos aplicativos, para cada uma das questões, mas na perspetiva da plataforma”, permitindo gerir e planear de “forma integrada e com poupança de recursos”, em diversos setores.
Mas o país tem de “dar um passo grande”, para potenciar aqueles casos e generalizar a situação a todo o território, pois “não pode permitir que o aprofundamento das assimetrias se mantenha”, defendeu.
“O desafio deste ‘tour’ é, de facto, em conjunto com o território, com os municípios, mas também com a indústria e com a academia, conseguir construir uma comunidade prática”, partilhando os melhores exemplos e debatendo caminhos, sintetizou, Miguel Castro Neto, coordenador da Nova Cidade - Urban Analytics Lab, entidade parceira da ANMP na organização desta iniciativa.
“Tendo sempre, como trave mestra, que queremos usar a tecnologia, todo o manancial de dados que hoje temos ao nosso dispor, tirar partido da analítica e da ciência dos dados, sempre para construir uma sociedade melhor e cidades mais felizes, que sejam inclusivas, sustentáveis, resilientes e seguras”, salientou Miguel Castro Neto.
A terceira edição do ‘Smart Cities Tour’ decorre até maio, com sessões em seis outras cidades, além de Faro (que se deterá sobre “Economia e inovação tecnológica”): Aveiro e Lisboa, em 05 e 27 de fevereiro, respetivamente, Vila Real e Setúbal (19 e 28 de março), Ponta Delgada (05 de abril) e Funchal (08 de maio).
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