O primeiro dos 11 núcleos será dedicado ao Parlatório, que evocará as condições em que decorriam as visitas aos presos políticos, bem como a solidariedade da população de Peniche para com os presos – e as suas famílias –, e com as fugas, de acordo com o guião definido pela Comissão de Instalação dos Conteúdos e da Apresentação Museológica (CICAM), do Museu da Resistência e Liberdade, da Fortaleza de Peniche.
O segundo e o terceiro núcleos serão memoriais da história da Fortaleza e de todos os que se sacrificaram pela conquista da liberdade e democracia, ao passo que o quarto e o quinto núcleos recordarão como foi o regime fascista e o sistema policial e repressivo, durante a ditadura do Estado Novo.
O núcleo 6 é dedicado ao colonialismo e à guerra colonial, o núcleo 7 conta a história da resistência antifascista e anticolonialista, e o núcleo 8 recorda as fugas de presos políticos do sistema repressivo policial.
Os três últimos núcleos evocam o 25 de Abril, a libertação dos presos políticos do Forte de Peniche e a cadeia do Forte de Peniche, havendo ainda outros espaços com conteúdos específicos, como a “Cela A. Cunhal”, que será individualizada com uma placa exterior com a ficha prisional e referências ao trabalho intelectual e artístico aí desenvolvido.
Domingos Abrantes, um dos membros da comissão e ex-preso político em Peniche, afirmou que este guião corresponde às necessidades e expectativas e considerou este um “acontecimento da maior importância”, porque “era uma exigência que houvesse um museu nacional da resistência e liberdade”.
“Preservar a memória da resistência é fazer compreender que esta liberdade que temos foi uma liberdade conquistada e que impôs sacríficos a dezenas de milhares de portugueses. Peniche não é uma cadeia qualquer é o maior símbolo do sistema prisional fascista e o facto de se manter já é uma grande conquista, é um património que vale por si”, considerou o militante antifascista, opositor à ditadura, que foi durante anos do comité central do PCP, atual membro do Conselho de Estado.
A proposta de guião foi entregue esta sexta-feira de manhã, numa cerimónia no Palácio da Ajuda, ao ministro da Cultura, que declarou a intenção de inaugurar o museu daqui a exatamente um ano, a 27 de abril, “evocando a libertação dos presos da Fortaleza de Peniche, dois dias depois da revolução libertadora de abril”, disse o ministro.
A fortaleza, classificada como Monumento Nacional desde 1938, foi uma das prisões do Estado Novo de onde se conseguiu evadir, entre outros, o histórico secretário-geral do PCP Álvaro Cunhal, em 1960, protagonizando um dos episódios mais marcantes do combate ao regime ditatorial.
Comentários