Afetado pelo mau tempo em dezembro do ano passado, e impedido de reabrir em março, depois das obras, devido à pandemia, o MAAT reabre a 10 de junho com uma programação de cinco dias para o público.
No interior, os visitantes vão encontrar “um edifício dentro do edifício”, como descreveu a nova diretora, Beatrice Leanza, numa visita guiada hoje, aos jornalistas, ao longo da estrutura de grandes dimensões criada pelo estúdio de arquitetura SO – IL, de Florian Idenburg e Jing Liu, baseado em Nova Iorque, nos Estados Unidos.
A intervenção arquitetónica intitulada “Beeline” percorre grande parte do edifício, desenhado por Amanda Levette, criando um novo percurso, sobre a antiga sala oval, e, no seu centro, foi criado um espaço que pode ser utilizado para ‘performances’, conferências ou outros eventos da programação.
Ao longo dessa grande estrutura construída em metal e telas sintéticas foi apresentada a nova programação do museu, com exposições, e dois auditórios onde se encontram ecrãs gigantes para exibição contínua de filmes enquadrados dentro dos temas propostos.
Todo o percurso é acompanhado por um projeto do designer francês Sam Baron, para recordar aos visitantes a necessidade de cumprir as regras de segurança exigidas pela situação de pandemia covid-19.
Há espelhos com mensagens como “Tocar com os olhos”, e tijolos em vermelho e verde que lembram a obrigatoriedade de manter a distância de dois metros, entre pessoas e cadeiras.
Logo à entrada, e dentro de todo o museu, é audível o projeto sonoro “Extintion Calls”, encomendado à artista Cláudia Martinho, composto pela vocalização de pássaros de todo o mundo, alguns deles já extintos, que a autora retirou de arquivos sonoros como a Macauley Library.
Este projeto enquadra-se num dos temas com que o museu quer suscitar “reflexão e ação” no visitante, segundo a diretora, ligado às mudanças climáticas e à responsabilidade cívica para com a natureza.
“As instituições museológicas podem ter um papel muito mais ativo dentro das suas comunidades”, sublinhou, a propósito, Beatrice Leanza.
Nessa linha, disse que o MAAT não voltará a ter garrafas de água de plástico no seu interior, mas disponibilizará locais próprios para os visitantes encherem as suas garrafas, se o desejarem.
A “Beeline”, que “praticamente divide o museu em dois”, foi criada para “levar o visitante a uma descoberta”, e desemboca numa saída do lado oposto da entrada principal.
Inicialmente pensada como nova entrada, terá de ser usada como saída, devido às novas regras para lidar com a pandemia, para assegurar a distância social entre os visitantes.
Após um encerramento de mais de cinco meses, a reabertura do MAAT decorrerá entre quarta-feira e domingo, com visitas guiadas a várias exposições, e conversas com curadores e artistas.
O MAAT encerrou em dezembro de 2019 depois de o edifício desenhado pela arquiteta Amanda Levete ter sido danificado pelo mau tempo, e contava reabrir em 27 de março, depois de reparação e de obras de adaptação à nova programação deste ano, mas manteve-se fechado devido à pandemia de covid-19.
A intervenção arquitetónica – que ficará até 11 de janeiro de 2021 – é acompanhada pela exposição “Currents – Temporary Architectures by SO – IL”, apresentada na rampa elíptica dentro do espaço central do museu, que mostra 12 projetos do estúdio realizados ao longo da última década, organizados em seis pares temáticos, com os temas que este estúdio tem explorado.
Os projetos apresentados, sobre instalações ou pavilhões temporários na Europa, Estados Unidos ou na China, sublinham o papel da arquitetura nas sociedades atuais.
“Há uma mudança de identidade no interior do MAAT”, sublinhou a diretora, que decidiu abrir à luz natural algumas zonas do inteiror.
Estão previstas conversas sobre temporalidade e espaço cívico, com arquitetos e curadores como João Belo Rodeia, Florian Idenburg e JingLiu, ligados a partir de Nova Iorque, e Ricardo Carvalho, Roberto Cremascoli, Filipe Magalhães e Ana Luísa Soares, ambos do Atelier Fala, e Bárbara Silva.
Vão decorrer oficinas para crianças, visitas e conversas com artistas como Claudia Martinho, sobre a sua instalação sonora “Extinction Calls”, criada com os sons de espécies extintas de pássaros, ou seriamente ameaçadas.
Estão também previstas visitas guiadas às exposições “Melancolia Programada” e “Unharia Ratóricas”, conversas com o investigador Pedro Teixeira e o artista Pedro Gomes.
O MAAT, da Fundação EDP, reabre no horário habitual das 11:00 às 19:00, com capacidade limitada de lugares sentados para os eventos da programação, regras de distanciamento, controle de temperatura e higienização das mãos.
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