O Gabinete Regional de Intervenção para a Supressão da Covid-19 foi anunciado a 10 junho e tem a missão de fazer o reporte diário às autoridades de saúde e municípios da situação epidemiológica na região de Lisboa e Vale do Tejo.
Esta quarta-feira, ao Público, Rui Portugal indicou que a situação em Lisboa é diferente de outras e que é mais complicado fazer os inquéritos para quebrar as cadeias de transmissão na capital do que a Norte.
"Estes inquéritos são completamente diferentes na Área Metropolitana de Lisboa. Temos concelhos como Sintra, Odivelas, Amadora, Loures e Lisboa com residentes de cerca de 100 nacionalidades diferentes. Não é a mesma coisa fazer inquéritos aqui ou em Cinfães, na Maia, em Espinho", começa por explicar.
"Em Lisboa, há pessoas com nomes com o maior número de consoantes que alguma vez imaginámos ser possível e não sabemos distinguir muitas vezes o que é apelido ou nome próprio, nem se é menino ou se é menina. São realidades completamente diferentes e de enorme exigência em termos de recursos", concluiu.
De acordo com o despacho publicado no Diário da República, o gabinete de intervenção terá como competência a coordenação, monitorização e acompanhamento dos surtos ativos de infeção por SARS-CoV-2 na Área Metropolitana de Lisboa, prioritariamente nos concelhos de Amadora, Lisboa, Loures, Odivelas e Sintra, e em outros, sempre que a situação epidemiológica o justifique.
A estrutura, coordenada pelo médico de Saúde Pública Rui Portugal, terá de fazer o mapeamento e georreferenciação de todos os casos ativos por concelho e freguesia e identificar as cadeias de transmissão na região, que desde há mais de um mês tem registado "consistentemente, mais de dois terços do número diário de novos casos notificados no país", refere o despacho que estabelece a criação do gabinete.
Ao Público, o coordenador do "acelerador" indicou também existirem 15 mil pessoas em vigilância ativa e passiva e de que há "100 pessoas por dia" que se sabe estarem doentes, mas com as quais o gabinete não consegue entrar em contacto porque deram moradas falsas ou porque foram viver para outros locais.
Por fim, salienta que a população portuguesa praticamente "não tem imunidade nenhuma".
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