Lawrence Abu Hamdan é um investigador de áudio que em 2016 fez um trabalho para a Amnistia Internacional, entrevistando pessoas que passaram por Sednaya, a mais notória prisão do regime de Assad.
Num artigo publicado no The Guardian, Lawrence falou sobre algumas histórias que ouviu por parte de ex-prisioneiros.
"Nas celas eram mantidos na escuridão, obrigados a tapar os olhos e a ficar de frente para a parede na presença dos guardas. Com o tempo, desenvolveram uma sensibilidade aguda ao som. A minha tarefa, enquanto artista e investigador de áudio, era desenvolver entrevistas com testemunhas auditivas de seis sobreviventes de Sednaya, utilizando as suas memórias sonoras para ajudar a revelar os crimes que ocorreram no seu interior", começa por dizer, salientando depois que os tais ex-prisioneiros lhe revelaram que ao mínimo som poderia correr risco de morte.
"Falar, tossir ou mover-se de forma audível era arriscar a morte. Mesmo quando os prisioneiros eram espancados, não conseguiam emitir qualquer som e milhares dos que não conseguiam parar de gritar eram mortos (...) Jamal, uma testemunha que entrevistei, disse-me: 'Um dos sons mais altos, para além do horrível barulho de tortura, foi o de matar piolhos', cuja amplitude, disse, equivalia a 'esmagar uma semente de sésamo entre o polegar e o dedo indicador.'
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