Ainda assim, Inês Vidigal, autora do estudo, disse à agência Lusa que “tendo em conta a grande tradição migratória” entre Portugal e a Alemanha, seria “expectável” que os nascimentos de mães portuguesas pudessem ser “mais elevados”.
“No entanto, as características da emigração portuguesa para a Alemanha podem justificar estes baixos valores, sendo um dos principais fatores a forte masculinização que a caracteriza”, complementou a assistente de investigação no Observatório da Emigração.
O número de nascimentos na Alemanha de mães portuguesas tende a acompanhar a evolução da emigração portuguesa para este país, revelou-se neste estudo. São os ciclos de crescimento, estagnação e regressão da emigração nacional para território alemão que explicam a evolução do número de nascimentos de mães portuguesas a residir naquele país.
A emigração portuguesa para a Alemanha remonta à década de 1960, quando em 1964 foi estabelecido entre os dois países um programa formal de trabalhadores convidados (Gastarbeiter).
Essa década, adianta-se no estudo, caracterizou-se por valores bastante baixos de nascimentos de mães portuguesas, em média 255 por ano, e a representatividade entre os nascimentos na Alemanha a rondar, em média, os 0% do total de nascimentos e 0,8% dos nascimentos de mães estrangeiras.
Já os anos 1970 caracterizam-se por valores mais elevados de nascimentos de mães portuguesas, com uma média anual de 2.181 nascimentos, indicada a publicação do Observatório da Emigração. O valor mais elevado da série em análise foi atingido em 1975, com 3.226 bebés.
Os nascidos na Alemanha de mães portuguesas foram 1.378 em 2020. Estes valores eram ligeiramente inferiores na década anterior, perto dos 1.250 nascimentos anuais.
“O número de nascimentos de mães portuguesas a residir na Alemanha em 2020 equivalia a 1,6% do número de nascimentos ocorridos em Portugal no mesmo ano. Comparando com outros destinos importantes da emigração portuguesa, verifica-se que os nascimentos na Alemanha têm um peso superior aos nascimentos de mães portuguesas em Espanha, mas muito inferior ao das mães portuguesas em França, para citar dois exemplos”, constatou Inês Vidigal.
A autora desta análise de uma série estatística de 60 anos sobre os nascimentos na Alemanha de mães de nacionalidade estrangeira admite que, “se se mantiver o padrão atual”, é “expectável que o decréscimo da emigração portuguesa para a Alemanha se traduza também num decréscimo ao nível dos nascimentos” nos próximos anos.
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