“Hoje é um grande dia de satisfação, porque salvámos a vida” a pessoas, descreveu o comandante do “Viana do Castelo” Madaleno Galocha, em declarações à agência Lusa na ponte do navio, no final da operação.
A situação na embarcação, de madeira e superlotada, era crítica, pela descrição do militar português: “Estas pessoas não tinham combustível para chegar a Lampedusa, estavam desorientadas, iam passar muito longe de Lampedusa e a informação que tenho é que já estaria a queimar combustível, o que poderia provocar um incêndio a bordo”.
A meio da operação de aproximação, na ponte do navio, o comandante olhou para o radar e para os mapas, concluindo que a embarcação estava a dirigir-se, não para Norte, em direção à Itália, mas sim para Oeste, a caminho de águas da Síria.
Esta operação, que se prolongou por mais de quatro horas e envolveu a guarnição do navio, os inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e um grupo de fuzileiros, foi a terceira no espaço de uma semana em que o navio da Marinha portuguesa conseguiu intercetar e salvar migrantes, ao serviço da Frontex, a agência que faz a vigilância das fronteiras externas da Europa. No total, 145 pessoas.
Alguns dos migrantes queriam entrar na Europa a partir de Itália – que tem dois oficiais a bordo do navio português, um da Guarda Costiera e outro da Guarda de Finanza - disseram aos inspetores do SEF, que os identificaram a bordo, terem pago entre 1.500 e 3.000 euros para atravessar os cerca de 250 quilómetros entre Sfax, na Tunísia, e Lampedusa.
O alerta foi dado às 13:08 (12:08 de Lisboa), a partir de um avião que patrulhava o mar entre a Tunísia e Lampedusa, a ilha italiana que foi o primeiro porto de milhares de refugiados, na chamada crise dos refugiados, em 2014 e 2015.
A primeira informação recebida a bordo indicava a presença de cerca de 30 pessoas a bordo da pequena embarcação, o número aumentou para 45 depois das primeiras informações dadas pelos fuzileiros que se aproximaram dos migrantes.
O “Viana do Castelo” estava a cerca de 17 milhas da embarcação com os migrantes e encaminhou-se para o intercetar, o que aconteceu cerca das 14:40.
O navio aproximou-se, o comandante português perguntou, por megafone, se queriam ajuda. A resposta não foi conclusiva e foi desembarcada um barco semirrígido para os abordar.
Após momento de tensão, no desembarque, subiram, um a um, a bordo do navio patrulha, identificados pelos inspetores do SEF, uma força de polícia, ao contrário da Marinha, e chegou-se à contagem final: 46 homens, com idades entre os 17 e os 40 anos, e uma mulher e uma criança.
No final da operação, que só terminou às 17:30 locais (16:30 em Lisboa), o comandante Madanelo Galocha foi ao convés de voo, na parte detrás do navio, onde os migrantes vão passar a noite, para lhes dizer que “foi um milagre” estarem ali, pelos problemas que a pequena embarcação tinha, incluindo o risco de incêndio.
O navio patrulha da Marinha portuguesa está em missão, ao serviço da Frontex, desde 10 de outubro, nesta zona do Mar Mediterrâneo, onde ficará até meados de novembro.
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