Sarkozy "prepara um regresso [à política], é evidente", garantiu na semana passada uma fonte do seu partido, Os Republicanos (LR, direita), à AFP.
Com uma posição linha-dura sobre imigração, o Islão e a segurança, Sarkozy, de 63 anos, tentou reconquistar a Presidência no ano passado, cinco anos depois de ser derrotado pelo socialista François Hollande.
Para alcançar o feito, "Sarko", como é conhecido em França, tentou enterrar a imagem de "presidente dos ricos", forjada durante o seu mandato, apresentando-se como "defensor daqueles que combatiam as elites".
Mas o lema "tudo menos Sarko" jogou contra ele.
O político conservador sofreu uma derrota humilhante, ao ser vencido nas primárias do seu partido por François Fillon, que foi seu o primeiro-ministro.
"Chegou a hora de dar mais atenção à paixão privada e menos à paixão pública", disse na ocasião, retirando-se da linha de frente da política, mas ainda influenciando esta esfera, onde entrou em 1983.
Um ano e meio depois desta derrota, Sarkozy tem multiplicado as suas aparições públicas nas últimas semanas. Um sinal evidente de que prepara o seu retorno.
Todavia, este regresso à vida pública está a ser ensombrado pelos casos judiciais de que é alvo.
Citado em vários processos judiciais, especialmente relacionados com o financiamento da sua campanha em 2007 e 2012, foi declarado inocente em quatro casos e acusado em outros dois. Hoje, 29 de março, ficou a saber-se, irá a julgamento por suspeitas de corromper um juiz no âmbito de um caso de suspeitas de financiamento ilícito da sua campanha eleitoral de 2007.
Dias antes, a 21 de março, foi ouvido e indiciado no âmbito da investigação sobre suspeitas de financiamento líbio também na sua campanha para a eleição presidencial de 2007.
Nascido a 28 de janeiro de 1955, o homem de baixa estatura e olhos azuis, apaixonado por futebol e ciclismo, é um caso atípico na classe política francesa. Não foi aluno das prestigiosas universidades que formam as elites do país. Tem apenas um diploma de advogado e uma grande e precoce ambição política.
Filho de um imigrante húngaro, criado pela sua mãe e o seu avô grego, apresenta-se como um "francês de sangue misto".
Ambicioso, "não duvida de nada e, sobretudo, não duvida de si mesmo", disse a seu respeito o ex-presidente Jacques Chirac, que foi o seu primeiro mentor na política.
Começou a sua militância política na direita francesa aos 19 anos. Com apenas 28, foi eleito prefeito de Neuilly, um abastado subúrbio de Paris. Aos 34, conquistou a sua primeira cadeira de deputado e quatro anos depois conseguiu uma pasta ministerial, a primeira. Aos 52 foi eleito Presidente.
Durante a sua carreira, Sarkozy forjou uma reputação de personalidade energética. Mas os seus detratores acusam-no de ser muito impulsivo e de ter profanado a função presidencial, como quando gritou "casse-toi pauvre con" (sai daqui seu idiota) a um homem que se recusou a apertar-lhe a mão.
Sarkozy foi o primeiro presidente francês a ter se divorciado durante o seu mandato. Foi também o primeiro a casar-se no mesmo período, ao contrair matrimónio em 2008 no Palácio Presidencial com a ex-modelo Carla Bruni. A filha de ambos, Giulia, também nasceu durante a sua Presidência. Ele tem outros três filhos de casamentos anteriores.
Por María Elena Bucheli / AFP
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