Maria Ressa e Dmitry Muratov são o Prémio Nobel da Paz 2021, anunciou o Comité Norueguês do Nobel, esta sexta-feira, durante a conferência de imprensa transmitida online. A edição deste ano do prémio tinha 329 nomeados.
Os jornalistas, que lutam pela liberdade de expressão nas Filipinas e na Rússia, foram premiados “pelos seus esforços na salvaguarda da liberdade de expressão, que é uma condição imprescindível para a democracia e para a paz duradoura”.
Os dois jornalistas são representantes "de todos os jornalistas que defendem este ideal num mundo em que a democracia e a liberdade de imprensa enfrentam condições cada vez mais adversas", afirmou a presidente Comité Nobel Norueguês, Berit Reiss-Andersen.
"Sem liberdade de expressão e liberdade de imprensa, será difícil promover com sucesso a fraternidade entre nações, o desarmamento e uma ordem mundial melhor para ter sucesso no nosso tempo. A atribuição deste ano do Prémio Nobel da Paz está, por isso, firmemente ancorada nas disposições da vontade de Alfred Nobel", acrescentou.
Maria Ressa e Dmitry Muratov procuram destacar a importância de proteger e defender estes direitos fundamentais.
Maria Ressa é uma antiga jornalista da CNN que “usa a liberdade de expressão para expor os abusos do poder, o recurso à violência e o crescente autoritarismo que existe no seu país natal, as Filipinas". Em 2012, a jornalista fundou Rappler, vocacionada para o jornalismo de investigação e da qual é presidente.
Na qualidade de jornalista e de CEO do Rappler, Ressa "tem-se mostrado uma destemida defensora da liberdade de expressão", refere o comunicado do Comité.
Rappler focou-se na controversa e assassina campanha anti-droga do regime de Duterte - "cujo número de mortes é tão elevado que a campanha se assemelha a uma guerra travada contra a própria população do país". O Comité recorda ainda que Ressa e a Rappler também documentaram como os meios de comunicação social estão a ser utilizados para espalhar notícias falsas, assediar opositores e manipular o discurso público.
Dmitry Muratov, por sua vez, tem defendido durante décadas "a liberdade de expressão na Rússia sob condições cada vez mais difíceis". Em 1993, foi um dos fundadores do jornal independente Novaja Gazeta, onde é, desde 1995, editor-chefe. Apesar das ameaças, Muratov recusou-se a abandonar a política independente do jornal e tem defendido consistentemente os direitos dos jornalistas.
"O Novaja Gazeta é hoje o jornal mais independente da Rússia, com uma atitude fundamentalmente crítica em relação ao poder", destaca o comunicado.
"O jornalismo livre, independente e baseado em factos serve para proteger contra abusos de poder, mentiras e propaganda de guerra. O Comité Nobel norueguês está convencido de que a liberdade de expressão e a liberdade de informação ajudam a assegurar um público informado", afirmou a presidente Comité Nobel Norueguês.
Os laureados irão receber o prémio de dez milhões de coroas suecas (quase um milhão de euros), além de um diploma e uma medalha.
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