À chamada do "Movimento a Pão e Água" responderam dezenas de empresários e trabalhadores provenientes de vários concelhos do distrito de Vila Real.
Na praça do município foram colocados cartazes e tarjas onde se podia ler “Estão a matar quem não tem covid”, “8 meses impedidos de trabalhar e de sustentar a nossa família”, “9 meses para nascer, 9 meses para morrer – bares/ discotecas/ restauração” e “A saúde mental também é saúde senhor primeiro-ministro”.
No chão foi também colocado um grande pano branco com pratos, talhares e copos.
Alberto Cabral, porta-voz do movimento e empresário com cinco bares e discotecas, colocou uma gaiola na cabeça para simbolizar “os nove meses” em que não pode “voar”.
Este é um dos setores, na sua opinião, mais prejudicado com as medidas de impostas pelo Governo para conter a covid-19.
“Estamos à nove meses sem conseguir sustentar as nossas famílias porque estamos proibidos de trabalhar (…) Mais de 50% das grandes discotecas já não vão abrir porque não há condições, nem confiança do mercado”, referiu.
Alberto Cabral disse que, logo no início da pandemia quando teve de fechar os estabelecimentos de diversão noturna, dispensou as pessoas que estavam a recibo verde e temporários e referiu que, neste momento está com 18 funcionários em regime de ‘lay-off’.
“Nunca pensei ter de pedir para trabalhar. E preciso de trabalhar”, reforçou.
Jorge Pessoa, outro empresário de Vila Real, trazia pendurados no corpo dois pães e garrafas de água.
“Fomos os primeiros a fechar em março e, em termos de discotecas, continuamos fechados até hoje, não houve condições para abrir, continuamos a ser marginalizados. Nesta fase estamos a pão e água”, salientou.
Jorge Pessoa descreveu um “setor completamente parado”, “sem possibilidades de aguentar” e “sem um rumo”.
“Precisamos que nos indiquem um caminho a seguir. Obviamente que, no nosso entender, o Estado não nos tem ajudado em nada”, frisou.
Pedro Lisboa juntou-se à manifestação porque considera que o Governo “se está a esquecer” da restauração, hotelaria e do serviços de eventos.
“Pediram-nos para parar, nós paramos, pediram-nos para nos adaptar, nós adaptamo-nos, pediram-nos para inventar, nós inventamos, e, agora, pura e simplesmente, esqueceram-se de nós. Temos famílias, pessoas a trabalhar para nós, fornecedores, queremos cumprir com os nossos deveres e não conseguimos”, frisou.
Com hotel, restaurante e uma empresa de eventos, Pedro Lisboa disse que “todos os meses” está a “perder dinheiro”.
“Neste momento os prejuízos são avultados, o mais certo é muitas empresas fecharem e estamos a reclamar ajuda a quem tem que ajudar”, salientou.
Este ano, apontou, tinha cerca de 50 casamentos, 100 batizados e outros eventos marcados e, no período de pandemia, perdeu “para cima de um milhão de faturação”, revelando dificuldades em “pagar ordenados”.
“Estamos completamente asfixiados, em alguns casos já não dá há algum tempo, em outros estamos a chegar ao fim da linha, muita gente já teve que investir do seu dinheiro, já se empenhou e pediu ajudas e vieram migalhas”, referiu Jorge Castelo.
Ligado à área da restauração, este empresário disse que já teve que dispensar funcionários em outubro porque “não deu para aguentar mais” e referiu que, desde março, perdeu cerca de 60% da faturação.
“Merecemos respeito”, frisou Jorge Castelo.
Com a manifestação em Vila Real, segundo Alberto Cabral, pretende-se também mobilizar os empresários “que estão a morrer” para uma grande manifestação a realizar no dia 25 de novembro em busca de “uma luz ao fundo do túnel”.
O país está em estado de emergência desde 09 de novembro e até 23 de novembro, período durante o qual há recolher obrigatório nos concelhos de risco de contágio mais elevado e municípios vizinhos. A medida abrange 191 concelhos.
Durante a semana, o recolher obrigatório tem de ser respeitado entre as 23:00 e as 05:00, enquanto nos fins de semana a circulação está limitada entre as 13:00 de sábado e as 05:00 de domingo e entre as 13:00 de domingo e as 05:00 de segunda-feira.
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