Em declarações aos jornalistas, Manuel Pinho voltou a afirmar que "o meu objetivo é refutar um acusação que tem por base um pacto falso e sem nexo repor toda a verdade".

O antigo ministro da Economia também mostrou algum indignação pelo segundo adiamento em apenas uma semana, afirmando que, com 68 anos "não é fácil estar a fazer 450 quilómetros entre Braga e Lisboa, e agora voltar para lá, para depois regressar na segunda-feira. Creio que merecia um pouco de respeito".

Já na terça-feira, o julgamento de Manuel Pinho e Ricardo Salgado no âmbito do caso EDP tinha sido adiado devido à greve dos funcionários judiciais.

Manuel Pinho, antigo ministro da Economia entre 2005 e 2009, está em prisão domiciliária desde dezembro de 2021. É acusado de um crime de corrupção passiva para ato ilícito, outro de corrupção passiva, um crime de branqueamento de capitais e um crime de fraude fiscal. A mulher, Alexandra Pinho, será julgada por um crime de branqueamento e outro de fraude fiscal, em coautoria material com o marido e Ricardo Salgado vai a julgamento por um crime de corrupção ativa para ato ilícito, um crime de corrupção ativa e outro de branqueamento de capitais.

Ricardo Salgado foi submetido, em 28 de setembro, a um exame neurológico no Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF) de Coimbra, que foi pedido pelos advogados do antigo presidente do BES em vários processos nos últimos dois anos, para avaliar o impacto no julgamento do diagnóstico de doença de Alzheimer que lhe foi atribuído, mas só tem valor de perícia no processo EDP.

Inicialmente ligada à gestão da empresa elétrica e a alegados favores, a investigação do processo EDP arrancou em 2012 por suspeitas de corrupção e participação económica em negócio por parte dos antigos administradores António Mexia e Manso Neto para a manutenção do contrato das rendas excessivas, no qual, segundo o MP, teriam corrompido o ex-ministro Manuel Pinho.

No entanto, o MP acabou por separar em dezembro de 2022 os processos, ao centrar-se por agora nas suspeitas de corrupção e branqueamento com dinheiros provenientes do Grupo Espírito Santo (GES) relativamente a Manuel Pinho, Alexandra Pinho e Ricardo Salgado.