"Só há uma pessoa dentro do PSD que pode ter um projeto e uma dinâmica ganhadora a prazo: Carlos Moedas". A frase é de Nuno Garoupa, professor de Direito na George Mason University, na Virgínia, Estados Unidos, mas foi proferida em 2016, numa entrevista ao SAPO24. Cinco anos depois, a afirmação parece profética e a vitória do ex-comissário europeu em Lisboa veio dar ímpeto ao PSD de Rui Rio.
Ainda assim, o ex-presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos não acredita que Rio ganhe as eleições. Mas, se "por qualquer milagre isso acontecer", a sua vitória irá "facilitar uma geringonça à esquerda", uma vez que António Costa já afirmou que deixaria a liderança do PS e isso deixará o lugar aberto a Pedro Nuno Santos, "em muito melhor posição para chegar a acordo com o Partido Comunista e com o Bloco de Esquerda".
Contas feitas, para ganhar as eleições o PSD teria de conquistar cerca de 700 mil eleitores, compensando o número de votos que o partido tem vindo a perder ao longo dos anos.
Nuno Garoupa considera que o sistema partidário em Portugal "não reflete as preocupações e as prioridades do século XXI". Além disso, as "diferenças entre PS e PSD não são de fundo, são de estilo pessoal". E é isso que tem levado ao aparecimento de partidos de nicho. As eleições que se seguem servirão para reconfigurar a direita.
O economista lembra que há gerações inteiras que viveram sempre em crise, por isso as taxas elevadas de emigração, que são agora de capital humano altamente qualificado. É também dos 30 anos para baixo que a taxa de abstenção é maior, porque "esta geração vai votando com os pés em vez de votar com a voz: vai-se embora".
Nestas eleições Nuno Garoupa aceitou pela primeira vez que o seu nome integrasse as listas de um partido, o Iniciativa Liberal, onde concorre pelo círculo fora da Europa, tradicionalmente aquele que tem maior abstenção - 99% no último ato eleitoral.
A candidatura é simbólica, já que o lugar é não elegível, perante aquilo que considerou uma desconsideração do PS e do PSD para com os emigrantes de fora da Europa. "Os partidos já não se preocupam em fingir que respeitam aquilo que é a autonomia e os problemas das pessoas que estão no estrangeiro", critica Nuno Garoupa.
A política internacional também veio à baila, não apenas as eleições no Brasil, mas a realidade da América Latina, polarizada entre populismo de direita e o populismo de esquerda, como nos anos 30 a Europa se dividia entre extrema-direita e extrema-esquerda, fascismo e nazismo de um lado, comunismo do outro. "O centro morreu, mas foi esse centro que se deixou corromper e capturar pelos interesses económicos", afirma.
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