Conhecido como o "rei da cortiça", Américo Amorim tem hoje uma fortuna avaliada em mais de 4 mil milhões de euros, segundo a revista Forbes. O empresário fez fortuna no negócio da cortiça, tendo-se tornado líder mundial do setor. Os seus interesses estendiam-se, todavia, a outras áreas, como a banca, o sector imobiliário, das telecomunicações e da energia.
Américo Ferreira de Amorim nasceu em Mozelos, Santa Maria da Feira, em 21 de julho de 1934, e teve três filhas. O empresário herdou o negócio do seu avô António Alves de Amorim, tendo fundado a Corticeira Amorim em 1963.
As incursões pela banca passaram pelo BPI (1981), BCP (1984), o Banco Nacional de Crédito (1990), o Banco Popular Espanhol (2003), o BIC Angola (2005), o Banco BIC Português (2008), o Banco Único em Moçambique (2011) e Banco Luso Brasileiro (2012).
"Não me considero rico. Sou trabalhador" - Américo Amorim (2011)
No ramo das telecomunicações, o grupo Amorim participou, em 1991, no consórcio fundador da Telecel.
Apenas um ano depois é fundada Amorim Imobiliária.
Em 2005 é criada a Amorim Energia e o grupo avança para a aquisição de um terço da Galp Energia, posição que reforçou em 2012.
O empresário acaba por deixa a presidência do Conselho de Administração da Galp Energia, por motivos pessoais, em 2016, sendo substituído pela filha Paula Amorim, até então vice-presidente daquele órgão. Ao mesmo tempo, Marta Amorim - também filha de Américo Amorim - passaria a integrar o Conselho de Administração da Galp Energia.
A sucessão na Galp, o primeiro passo na transição do poder, foi anunciada a 14 de outubro, seis meses depois de o "rei da cortiça", como a revista Forbes lhe chamou, ter sido internado no Hospital de Gaia com uma insuficiência cardíaca, o que implicou um longo período de recuperação.
Américo Amorim, o homem que construiu um império
O empresário Américo Amorim é descrito como um 'self-made man' que conseguiu construir um dos maiores impérios industriais do país.
Segundo os relatos da imprensa, teve uma infância modesta, fez o Curso Comercial no Porto e foi trabalhar nos anos 50 para a empresa de cortiça da família. Depois, viajou pelo mundo.
"Estive durante quatro anos e meio fora de Portugal, nos caminhos de ferro, em segunda classe e a dormir em pensões. Andei pela América do Sul, Europa Central e Ásia. Conheci povos, mentalidades, culturas, guetos de poder, sociedades desfavorecidas. Fiquei com a ideia de como era o globo. Foi uma universidade fantástica", afirmou, citado pela revista Visão.
Em 1963 é fundada a Corticeira Amorim, que tem como sócios os quatro irmãos da família e um tio. Américo Amorim aposta na exportação e na internacionalização da empresa e, quando em abril de 1974 tem lugar a revolução dos cravos, o empresário é já descrito como um homem rico. Nessa altura, Amorim aproveita para investir, quando muitos dos mais ricos de então se querem desfazer do seu património. "Enquanto os outros fugiam, eu fiquei e comprei", disse à Visão.
Nas décadas seguintes, Américo Amorim conseguiu diversificar os negócios. Esteve envolvido, em 1981, na criação da Sociedade Portuguesa de Investimentos (SPI), que daria lugar ao BPI, mais tarde virá a participar no BCP, o banco privado fundado em 1985, como referido anteriormente. Depois da aposta no setor financeiro, o império Amorim assume também posições em setores como as telecomunicações, turismo e petróleo.
Foi no ‘ranking’ de 2010 dos 500 mais ricos da revista Forbes que Américo Amorim passou a surgir como o homem mais rico de Portugal, ultrapassando Belmiro de Azevedo e ocupando a 212.ª posição entre as maiores fortunas do mundo. O empresário manteve até hoje essa posição, tendo a sua fortuna aumentado para 4,4 mil milhões de dólares (4,09 mil milhões de euros), segundo a lista divulgada pela revista Forbes.
"Não me considero rico. Sou trabalhador", disse em 2011 ao Jornal de Negócios, questionado sobre se aceitaria um imposto especial para as grandes fortunas.
O império Amorim
Atualmente, o Grupo Amorim detém posições em dezenas de empresas nos cinco continentes e em diversas áreas económicas, desde a cortiça (através da Corticeira Amorim) ao têxtil (através da centenária Gierlings Velpor, especializada em veludos e têxteis técnicos), à vitivinicultura e ao enoturismo.
Na área da cortiça, o Grupo Amorim é o líder mundial através de 78 empresas, das quais 28 são unidades industriais de transformação, estando os seus produtos presentes em mais de 100 países. A família Amorim gere áreas de floresta e montado de sobro superiores a 12.000 hectares.
Já no setor imobiliário a presença do grupo remonta aos anos 50, sendo atualmente detentor de ativos imobiliários em Portugal e Brasil, sobretudo concentrados no segmento imobiliário e turístico.
Américo Amorim detém ainda uma experiência de 30 anos no lançamento de operações no setor financeiro, num percurso que começou em 1981 como acionista fundador da Sociedade Portuguesa de Investimentos (SPI), e que se prolonga até hoje com participações relevantes em instituições bancárias na Península Ibérica e em África.
O setor de bens de luxo é considerado “uma área de negócio de forte potencial futuro” onde o grupo apostou através da marca Tom Ford, criada em 2005 pelos antigos diretor criativo e o presidente executivo da Gucci (respetivamente Tom Ford e Domenico de Sole) e a cujo projeto Américo Amorim se associou adquirindo uma participação de 25% em finais de 2007.
É precisamente na área da moda que se especializou a filha mais velha de Américo Amorim, Paula, que é vice-presidente do GAA e dona das lojas de moda Fashion Clinic e Gucci, que em outubro de 2016 substituiu o pai na presidência do Conselho de Administração da Galp Energia.
A filha Marta tem também cargos no GAA e desempenha funções noutras empresas detidas pela família, enquanto Luísa, apesar de já ter passado “por todas as áreas da corticeira" – atualmente liderada pelo primo, António Rios Amorim – ficou à frente do negócio de vinhos do grupo na Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo e na Quinta de S. Cibrão, em Sabrosa, no Douro, num total de 250 hectares.
Cônsul-geral honorário da Hungria em Portugal, a 24 de novembro de 1983 Américo Amorim foi feito Comendador da Ordem Civil do Mérito Agrícola e Industrial Classe Industrial, a 16 de janeiro de 1997 foi feito 121.º Sócio Honorário do Ginásio Clube Figueirense e a 30 de janeiro de 2006 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
Comentários