Até 2016, Jordan Peterson era apenas um psicólogo e um professor canadiano com um livro publicado que lhe demorara 13 anos a escrever: “Maps of Meaning: The Architecture of Belief” (Mapas do Significado: A Arquitetura das Crenças). Reza a história que o livro decorre do interesse que Peterson teve desde muito cedo em compreender as razões pelas quais pessoas, individualmente ou em grupo, cometem atrocidades sobre outras pessoas – como foi o caso dos gulags da União Soviética, dos campos de concentração nazi ou do massacre no Ruanda.
Ciência política foi, assim, não por acaso o curso da sua licenciatura, tendo depois complementado com formação em psicologia clínica, área em que se doutorou. Mas, nem o primeiro livro, nem a carreira académica na Universidade de Toronto e na Universidade de Harvard o trouxeram para as luzes da ribalta. Seriam as posições sobre as mudanças na gramática inglesa tendo em vista a inclusão das pessoas transgénero, divulgadas no seu canal de YouTube em 2016, e, mais tarde, em 2018, a publicação do livro “12 Regras para a Vida: Um Antídoto para o Caos" que fizeram dele um nome amado e odiado à escala global.
Uma das mais reputadas professoras, ensaístas e crítica de arte americana, Camille Paglia, referiu-se a Peterson como “o pensador canadiano mais importante e influente desde Marshall McLuhan”. Há também quem veja nele um profeta – e, claro, quem veja um machista, transfóbico e ultra-conservador. Num artigo de 2018 da Current Affairs ["The intellectual we deserve"], o jornalista e comentador Nathan Robinson ajudou a fazer um resumo do que já tinha sido dito até à data sobre o psicólogo e autor de best-seller.
O Guardian, por exemplo, escreveu que ele "merece ser levado a sério" e que "foi descrito como sendo de direita ou mesmo extrema-direita por jornalistas que aparentemente se esqueceram de como pensar". No New York Times, David Brooks defendeu que Peterson pode ser [à época do artigo, janeiro de 2018], "o intelectual mais influente do mundo ocidental", com os seus vídeos sobre como sermos dignos de respeito, adultos e responsáveis pela nossa vida e pela dos outros a serem vistos por mais de 40 milhões de pessoas, a maior parte homens, a maior parte homens jovens. Malcolm Gladwell, ele próprio um autor com milhões de leitores no mundo inteiro, descreveu Peterson, que cita no livro "David e Golias - A Arte de Combater os Mais Fortes", como "um psicólogo maravilhoso".
Também houve quem o apelidasse como "a pessoa estúpida mais esperta"ou de "Messias ou um pai substituto para idiotas sem graça".
Nathan Robinson, o jornalista que nos ajuda a fazer este resumo, conclui de forma certeira que Peterson já foi visto como tudo, “desde um apologista fascista a um liberal iluminista", por uma simples razão: "as suas palavras vagas são uma espécie de teste de Rorschach no qual inúmeras interpretações podem ser projetadas”.
O que é certo é que o conservador ou o “inclinado ao conservadorismo” Peterson tornou-se um dos nomes incontornáveis das chamadas guerras culturais e, em particular, da discussão em torno do politicamente correto. O sucesso é sempre mais complexo de explicar do que o insucesso, e o caso de Peterson não é diferente. Foram as suas posições sobre as políticas identitárias e, em particular, sobre as pessoas transgénero que fizeram dele um nome de culto de milhões e o inverso para outros tantos? Ou é a publicação do livro "12 regras para a Vida" uma espécie de momento fundador para milhares (milhões!) de pessoas que viram nele uma espécie de guia para a vida, ou como o próprio subtítulo define, um antídoto para o caos? Tanto no YouTube como nos livros, Peterson segue uma mesma receita: fala sobre sobre como viver melhor, superar obstáculos e encontrar na bíblia, nos clássicos e na psicologia a explicação para o que andamos aqui a fazer.
Foi com estes ensinamentos que se tornou também uma espécie de guru de empresários, médicos e atletas e outras figuras internacionalmente reconhecidas. Como é o caso de Cristiano Ronaldo, que em 2022 publicou na sua conta de Instagram uma fotografia ao lado do professor canadiano. "Foi bom ver-te, meu amigo", escreveu o futebolista. "Raramente conheci alguém que merecia mais o que ganhou. Prazer em conhecer-te", respondeu o psicólogo.
Mas voltemos ao que fez de Peterson um nome seguido – e aclamado – por milhões no mundo. Quem são os milhões que o seguem? Numa entrevista ao Channel Four, Peterson reconhece que a maioria que o segue é masculina – pelo menos no YouTube, porque “o YouTube é maioriatariamente masculino, ao contrário do Tumblr [a entrevista é de 2018], que é maioritariamente feminino”. São homens e sobretudo homens jovens, perdidos na sua masculinidade e que teimam em não crescer. Mas, diz o psicólogo, há muitas mulheres que o procuram. Porquê? Porque também elas (sobretudo elas?) estão preocupadas com a dificuldade de os homens crescerem, tornarem-se adultos, adiarem esse momento. O que os torna, nas palavras de Peterson, um parceiro “menos competente”. Há muito mais nesta conversa – que recomendamos que seja ouvida –, ainda que tenha cinco anos.
Se 2018 foi um ano de glória, 2019 foi um ano de miséria para Jordan Peterson. Tammy, a mulher com quem está casado há 34 anos e mãe dos dois filhos, foi diagnosticada com um tumor nos rins com um diagnóstico reservado e Peterson foi medicado para a depressão, ansiedade e ataques de pânico no decurso do que estava a viver. Durante esse período tornou-se adicto ao medicamento prescrito e, já depois de a mulher ter superado a doença, teve de fazer uma desintoxicação numa clínica de reabilitação em Nova Iorque. Não foi o fim do período negro. De regresso à Universidade de Toronto, onde lecciona, o psicólogo passou a sofrer de um distúrbio do movimento, conhecido como acatisia, que o levaria de volta ao hospital e depois a Moscovo, onde acabaria a ser tratado. A decisão de procurar ajuda em Moscovo foi tomada pela filha e pelo genro, que é russo, e Peterson partilhou mais tarde, a memória de acordar "amarrado a uma cama e rodeado de gente que falava uma língua que não entendia".
O Jordan Peterson que este ano veio a Portugal é o mesmo, mas, por tudo isto, não é exatamente o mesmo. Durante o período da doença da mulher, primeiro, e da sua, depois, escreveu a sequela das primeiras 12 regras para a vida,"Para além da Ordem: 12 novas regras para a vida", que se tornou também um sucesso. Tem, além do canal de YouTube, um podcast e um conjunto de séries em que procura apontar o caminho para a vida (ou antídoto para o caos).
Foi esse homem que por três vezes encheu salas em Portugal, duas em Lisboa e uma no Porto, defendendo a responsabilidade individual como antídoto para a miséria – ou as angústias da existência –, ao invés das teorias que assentes em políticas identitárias ou de grupo que compara ao fascismo ou ao maoismo.
E foi o que fomos ouvir ao Campo Pequeno no dia 18 de outubro.
Bem-vindos à tour “12 regras para a vida”, o espetáculo vai começar
Minutos antes de começar a conferência de Jordan Peterson, o espaço do Campo Pequeno, em Lisboa, estava longe de estar uma casa cheia. Mas as pessoas foram chegando, incluindo retardatários que já entraram com o orador em palco. Muitos casais, alguns grupos de amigos, idades dos 20 aos 70. Enquanto esperamos somos convidados a interagir através de um QR Code ou de um endereço web com o orador/conferencista/escritor ao qual podemos enviar as perguntas que gostaríamos que respondesse. Outro ecrã anuncia-nos que há um pós-show – que se paga à parte – com “meet and greet”, tal qual uma estrela da música.
O "warm up" ficou a cargo de David Cotter que veio de Cambridge e que – para quem se lembra - deixou na sala uma atmosfera de “Les Uns et Les Autres”, com o seu bolero de Ravel tocado com guitarra elétrica.
David Cotter entrou, David Cotter saiu, as luzes baixaram e assistimos a dois vídeos promocionais nos ecrãs de ladeavam o palco. No primeiro, Jordan Peterson promove a aplicação “essay” que lançou no mercado com o filho, no segundo promove a academia Peterson fundada pela filha. São seis minutos promocionais até a voz de cena nos anunciar aquele por quem a audiência espera e as regras que incluem “zero tolerância” para quem filme.
Porque estão ali? "Porque estão fartas de ver só no YouTube pessoas que falam e pensam sobre temas em que querem pensar”
Em vídeo conhecemos os filhos Peterson, em palco vamos conhecer a mulher, Tammy. Roupas largas, ténis, estilo urban cool, diz-nos como vai ser o que viemos para ver e ouvir. Vamos ter uma introdução a cargo de Douglas Murray, depois uma hora de aula - “lecture” – e fechará com o “Q&A” (perguntas e respostas) que ela irá conduzir com o marido. Tammy explica ainda como deve proceder quem quiser comprar bilhetes para o “meet and greet” e termina apresentando o nome a quem cabe a introdução ao “show”: Douglas Murray, jornalista, autor da “The Madness of Crowds” e de “The Strange Death of Europe”.
Douglas entra, poucos na sala saberão quem é, mas não importa à mensagem que traz e que é a de explicar porque foi escolhido para anteceder o orador que todos vieram ouvir. Ambos querem “trazer uma visão positiva do futuro”. Mas Douglas quer também dizer-nos porque estamos ali, por que motivo pessoas de todo o mundo vão ver e ouvir Jordan Peterson: “porque estão fartas de ver só no YouTube pessoas que falam e pensam sobre temas em que querem pensar”, e porque “querem estar ao pé de alguém que diz coisas que gostavam de dizer um dia”. “Coisas que sabemos que são verdade”, sublinha o jornalista, coisas que Peterson diz “porque mete o dedo nas questões do nosso tempo”.
Está cumprida a introdução e tudo a postos para a estrela da noite.
Peterson não demora a entrar em palco. É um homem alto, circunspecto, veste de fato, mas acrescentou-lhe duas cores - conservador, mas moderno. Há pessoas aos urros quando entra, como num jogo de futebol ou num concerto pop – é um show e o conferencista é, como já se anteviu antes, também um artista.
Não te permitas ficar ressentido
“Foram umas semanas negras". É a primeira frase que profere. E é sobre essa “escuridão” que quer começar, evocando uma das suas regras – a 11ª do segundo livro de 12 regras [“Para além da Ordem"]: não te permitas ficar ressentido. Não parece um mau princípio.
Para nos situarmos, vejamos as 12 regras:
- Não denigras, descuidadamente, as instituições sociais ou as conquistas criativas.
- Imagina quem poderias ser e, em seguida, concentra-te unicamente em lá chegar.
- Não escondas coisas indesejadas no nevoeiro.
- Repara que a oportunidade espreita onde se abriu mão da responsabilidade.
- Não faças aquilo que odeias.
- Abandona a ideologia.
- Trabalha o mais arduamente que conseguires em pelo menos uma coisa e vê o que acontece.
- Tenta tornar um lugar da tua casa o mais bonito possível.
- Se memórias antigas ainda te perturbam, escreve-as cuidadosa e completamente.
- Planeia e trabalha diligentemente para manteres o romance na tua relação.
- Não te permitas tornar ressentido, enganador ou arrogante.
- Sê grato apesar do teu sofrimento.
Depois da regra 11, Peterson evoca Joe Rogan, que nas suas palavras se tornou “o jornalista mais influente”, e atribui esse ascendente à capacidade de ouvir e de fazer perguntas. Peterson exorta-nos a fazer perguntas, mesmo que sejam perguntas estúpidas, porque essa é “a forma de aprender”. Defende a liberdade das perguntas estúpidas e de podermos dizer “coisas que podem ofender” como um “favor” que fazemos aos outros. “Estás a ajudar a aprender”.
Num mundo tão polarizado em que passamos o tempo a tentar perceber em que caixa está cada pessoa com quem nos cruzamos – e mais ainda aqueles que têm palco como Jordan Peterson –, quem nada soubesse do autor e só o ouvisse neste exato momento não saberia bem em que lugar da estante o arrumar. É um paladino da liberdade de expressão em modo Ricardo Araújo Pereira? É um saudosista dos tempos em que se podia dizer tudo por oposição aos tempos em que “não se pode dizer nada”? É só um psicólogo de auto-ajuda que como diz nos seus livros nos quer ajudar a viver melhor?
“As pessoas andam em círculos. No passado caíram num buraco e não sabem porquê”
Nos minutos seguintes, Peterson vai efetivamente falar sobre as questões que nos impedem, na sua análise, de ter uma vida melhor.
Identifica a solidão: “há uma coisa terrível que é a maior parte das pessoas não tem ninguém quem as ouça”.
Identifica a frustração: “porque é que q minha vida não é melhor?”.
Aponta razões: “as pessoas andam em círculos. No passado caíram num buraco e não sabem porquê”.
E aponta caminhos: "se é por causa de não te adequares ao mundo, é parvo. Se é por uma insuficiência tua, tens de resolver”.
Sem medo de ter medo, “porque esse é o princípio do conhecimento”-
Como se ajuda a ultrapassar o medo? Para Jordan Peterson, é preciso reconhecer que vivemos numa sociedade em que o padrão “bully” e respetiva vitimização é dominante e é esse padrão que tem de ser interrompido. Volta às regras – agora à número 3, “make yourself honourable [“torna-te digno de respeito”].
Como é que isso se faz?
De novo, fazendo perguntas. “Como gostavas que fosse a tua vida? A tua relação? Os teus amigos? Álcool e drogas, que papel têm na tua vida e que papel gostavas que tivessem?”.
Fala-nos também do trabalho e do papel que tem nas nossas vidas.
“Trabalho e lazer não são a mesma coisa. Se tivermos sorte podemos tornar o trabalho em algo que gostemos. Os humanos são os únicos que trabalham, porque têm uma consciência de futuro e estão dispostos a sacrificar-se por isso”.
Vai pontuando cada passagem com frases e passagens passíveis de sublinhar nos livros que escreve. Como a que diz que “o propósito da memória é extrair sabedoria do passado que prepara para o futuro” ou que “o outro preço de definir objetivos é que sabemos quando não os atingimos”.
Até aqui, Jordan fala-nos da vida de todos os dias, das frustrações de todos os dias, das aspirações de todos os dias. Provavelmente o motivo pelo qual tantos começara por ler os seus livros. Não será, porventura, o motivo pelo qual se tornou o cabeça de cartaz de uma tour pelo mundo inteiro.
“Acreditas mesmo que podes oferecer menos do que o teu melhor?”
Na segunda metade do espetáculo, vamos ouvir falar das dimensões da personalidade e, em particular, dos tipos “negros” de personalidade. Narcisismo, maquievelismo, psicopatias. Não nos assustemos com os piscopatas, diz-nos o professor e psicólogo. São “só” 3% da população, o que “significa que não são muito bem sucedidos”. Mas existem, estão por aí, e devemos saber reconhece-los e lidar com eles.
Jordan Peterson recorre à parábola bíblica para nos apontar caminhos. Fala de Abel e Caim – nas suas palavras, os primeiros homens, efetivamente, uma vez que Adão e Eva são criações de Deus. Abel deu “o seu melhor”, enquanto Caim deu a sua “segunda melhor versão”. A vida correu melhor a Abel do que a Caim, Caim queixou-se a Deus e acabou por matar Abel.
“Acreditas mesmo que podes oferecer menos do que o teu melhor?” – neste momento, é já um Jordan Peterson galvanizado que atravessa o palco, projeta a voz, interpela a audiência. É um orador, um escritor e é também um pregador. Tem uma visão, tem uma mensagem e quer que quem o ouve sinta que há uma lição – ou uma regra para a vida. “Se fores um ressentido, matas aquilo em que te queres tornar, o que mais valorizas. Caim matou Abel”.
Este é também o momento que o discurso ganha uma clara dimensão política ou ideológica.
“Comunicar online desinibe os psicopatas e narcisistas”
“Comunicar online desinibe os psicopatas e narcisistas”, começa por dizer, associando o narcisismo ao espírito de Caim e à convicção de quem não dando o seu melhor considera ser digno das benesses de quem o faz.
Uma analogia extensível à ideia de responsabilidade que Jordan Peterson aponta como fundamental citando Dostoiévski: “cada homem é responsável por si e por todos os outros”.
Quando isso não acontece, quando “ninguém é responsável pelas suas ações – como aconteceu na revolução francesa, no nazismo e no comunismo”, o caos instala-se.
E, nos tempos de confusão em que vivemos, restaura-se a Torre de Babel, uma analogia que irá usar para falar da Europa e para falar das pessoas transgénero. “Não há confusão maior do que aquela sobre o que é um homem e o que é uma mulher”.
Precisamos de uma responsabilidade partilhada “para que os tiranos não ganhem e os demónios não dancem nas ruas” – é assim que terminará a sua aula, mas não o seu espetáculo.
A última parte, como anunciado por Tammy, foi dedicada às perguntas enviadas pelo público.
Como podemos combater isto sem sermos maus para estas pessoas confusas?
As duas poltronas que estão em palco têm uso na última parte e são ocupadas por Douglas Murray e Jordan Peterson. Ao meio, empoleirada numa cadeira alta, está Tammy, a quem cabe ler as questões que foram selecionadas das centenas enviadas.
A primeira é dirigida a Douglas (e não vem das que o público enviou). Diz respeito ao convite que fez ao ator Kevin Spacey para, há poucos dias, regressar aos palcos em Oxford com o texto de uma peça de Shakespeare. Douglas confirma o regresso de Spacey aos palcos e fala dos tempos que vivemos e da destruição de carácter. Termina com a frase atribuída a Mark Twain que diz que “uma mentira pode dar a volta ao mundo, enquanto a verdade calça os sapatos".
Segue-se uma das perguntas mais votadas na plataforma que recebeu as questões do público: “como é que vê o futuro da União Europeia atendendo às atuais taxas de imigração?” (332 pessoas fizeram ‘like’ na pergunta, a segunda mais popular).
Peterson responde que a “EU é uma torre de Babel”, “uma falsa utopia”, rematando que não é “fã do projeto europeu”.
“A cultura woke acabou de entrar em Portugal. Um homem ganhou o concurso de Miss Portugal. Como podemos combater isto sem sermos maus para estas pessoas confusas?”. É outra das perguntas mais populares e selecionada para resposta em palco. Jordan responde: “dizer a verdade não é ser mau”, e repete o que já tinha dito antes: “um homem não é uma mulher”. Fala das operações de mudança realizadas no Canadá a raparigas que quiseram mudar de género como “o pior crime psicológico”.
A sessão de perguntas está quase a terminar quando da audiência se ouve “hey, Jordan”. Uma primeira vez, sem que o orador repare. Uma segunda vez acompanhada com a exibição da bandeira da Palestina e a exortação “free Palestine”. O eixo de atenção desloca-se do palco para a bancada, de novo para o palco – como vai reagir Peterson? – de novo para as bancadas, onde várias vozes respondem “fuck Palestine” e outras tantas apenas pedem apenas que se calem. O assistente com a bandeira da Palestina é levado da sala, o foco da atenção regressa ao palco, há um momento de silêncio que parece interminável. Jordan Peterson fala do Irão e de como tudo isto está a acontecer para impedir os acordos entre a Arábia Saudita e Israel.
Na plataforma de perguntas, a mais votada foi sobre “como nos devemos comportar quando Israel finalmente acabar com os palestinianos?”. É uma lista extensa em que tantos perguntam como encontrar mulher (ou marido, ainda que em menor número), que conselhos dar a quem "genuinamente" ama duas pessoas ao mesmo tempo, que conselhos dar a quem se vai tornar pai, como manter uma discussão com respeito no mundo polarizado politicamente e intransigente, como lidar com a inteligência artificial ou qual é a transcendência mais importante, a verdade, a bondade ou a beleza. Há também quem lhe pergunte se é feliz ou se gostou de pastéis de nata. E há quem simplesmente faça a pergunta que dá título a este artigo: o que leva as pessoas a pagarem para o ver se tudo o que diz está na internet. Provavelmente, a expectativa de encontrar um sentido para a vida - ao vivo.
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