O Ministério das Finanças está a criar “uma situação inqualificável, injusta e desonesta”, disse Jaime Marta Soares à agência Lusa, na sequência de uma reunião hoje com a secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar.
A dotação prevista no Orçamento do Estado é de 28,6 milhões de euros, mas os bombeiros exigem 35 milhões, para repor perdas sofridas nos últimos anos.
Nas declarações à Lusa, Marta Soares explicou que admitiu barricar-se (um comunicado desta tarde da LBP já referia essa hipótese) no Ministério da Administração Interna até ter uma resposta às reivindicações dos bombeiros, o que só não aconteceu porque sentiu da parte da secretária de Estado, e posteriormente do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita (com quem também se reuniu), “uma atitude de reconhecimento” da razão dos bombeiros.
Se não sentisse esse reconhecimento, garantiu, iria mesmo barricar-se no Ministério.
As verbas propostas no Orçamento do Estado para 2021 “não correspondem minimamente à recuperação de todo o investimento das associações de bombeiros na luta contra a covid-19 e os incêndios”, mas Jaime Marta Soares acusa não a Administração Interna mas sim o Ministério das Finanças de não ter “a mínima noção de qual é o papel dos bombeiros”.
“Sentimos da parte da secretária de Estado e do ministro que se identificam com as nossas reivindicações” e elas não serem aceites tem a ver “com o autismo do Ministério das Finanças”, afirmou Marta Soares, acrescentando que 98% do socorro em Portugal é feito pelos bombeiros, que “no caso concreto da pandemia de covid-19 é de longe a entidade mais envolvida”.
“O Ministério das Finanças e o Ministério da Saúde não têm a mínima sensibilidade do que é o trabalho dos bombeiros no contexto desta resposta na área da saúde”, acusou o responsável.
A LBP, disse, vai pedir reuniões com os grupos parlamentares, para que a questão da verba no Orçamento para os bombeiros seja revista na Assembleia da República, mas Jaime Marta Soares lembrou que há outra reivindicação dos bombeiros, que querem receber também um subsídio de risco covid-19.
Jaime Marta Soares elogiou a criação de um subsídio de risco para todos os profissionais da “linha da frente” na luta contra a covid-19 e que este se estenda ao INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica). Mas acrescentou: “85% da atividade do INEM é feita pelos bombeiros. É desumano, desonesto e injusto que haja tratamentos desiguais”.
Na reunião de hoje, disse Jaime Marta Soares, foi pedido ao ministro para que intercedesse no sentido de ser “feita justiça”.
E no próximo dia 20 a LBP tem também uma reunião com o INEM, para rever o protocolo entre as duas instituições, que não é revisto desde 2012, esperando Marta Soares que o INEM esteja solidário com os bombeiros na questão do subsídio.
No comunicado de hoje a Liga também diz que repudia a tentativa de intermunicipalização dos bombeiros e “consequente desrespeito pelos operacionais e pelas associações”. “Somos total e frontalmente contra”, disse Marta Soares à Lusa.
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