A câmara de Oliveira do Hospital, no distrito de Coimbra, deu um subsídio de 6.600 euros aos padres da Fábrica da Igreja daquela localidade. A atribuição do subsídio, “a ser distribuído em partes proporcionais pelas paróquias do concelho para fazer face a despesas de funcionamento no contexto covid-19”, está a gerar polémica, explica hoje o ‘Jornal de Notícias’ (JN).
Segundo o diário, a verba destina-se a pagar os cerca de 750 euros de salário que os três párocos recebem. A proposta, aprovada com os votos favoráveis dos vereadores socialistas e o voto contra da vereadora do PSD, tem levado à publicação de comunicados na imprensa local e à circulação de e-mails anónimos, afirmando que o dinheiro se destina a “pagar o salário a três sacerdotes”, escreve o JN.
Questionado pelo jornal, o padre responsável pela Fábrica de Oliveira do Hospital, António Loureiro, confirma que “a verba é uma ajuda às paróquias e, entre outras despesas, para garantir o sustento dos padres”. O pároco refere que a diocese de Coimbra “também está em crise e não nos pode ajudar. A Câmara teve um gesto solidário que agradecemos porque nos vai ajudar a suportar as despesas”.
Já o autarca, José Carlos Alexandrino, afirma que “a Câmara apoiou porque os sacerdotes pediram e porque sabemos que por causa da pandemia as paróquias perderam rendimento”.
"É uma ajuda financeira que também daremos a outras entidades religiosas que nos peçam auxílio", explica, afirmando que a câmara "também está a apoiar 198 famílias que ficaram sem rendimento".
Na ata da reunião onde consta a aprovação do donativo, é explicado que os 6.600 euros se destinam a "fazer face a despesas de funcionamento no contexto da covid-19". Ao JN, José Carlos Alexandrino acrescenta que “a Fábrica de Igreja saberá muito bem dividir o dinheiro e onde o deve gastar”.
O diário lembra que o autarca é conhecido por participar “ativamente em algumas eucarísticas”. Segundo o jornal, no mês passado, José Carlos Alexandrino subiu ao altar da igreja de Ervedal da Beira, para afirmar que, enquanto for presidente, “ninguém ficará para trás”.
O presidente da câmara, que é também o líder da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, terá sido convidado por um grupo de jovens. “Sabemos que o desemprego vai aumentar e que vamos sofrer e podem ficar algumas obras para trás, mas ninguém ficará para trás", disse na altura.
Segundo o jornal, esta não foi a estreia do autarca na vida da Igreja, tendo participado ativamente em cerimónias religiosas no passado. José Carlos Alexandrino justifica-se, no entanto, explicando que "enquanto presidente de câmara não tem religião" e, por isso, vai onde o convidarem.
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