Perdón. ¿Dónde está Juan Carlos?
Assim é que é, esta é que é a pergunta que está a dominar a atualidade mediática na Península Ibérica. Num jogo em que o rei emérito faz de Wally, as lentes dos meios de comunicação social vão-se perdendo entre Cascais, República Dominicana e Azeitão.
Desde que comunicou ao filho, o rei Filipe VI, que decidiu morar fora do país, com o objetivo de facilitar a vida ao atual monarca, perante “a repercussão pública” de “certos eventos do passado”, mais concretamente uma investigação judicial que dura desde o verão de 2018, quando agentes da polícia suíça foram enviados por um juiz para analisar as contas de uma empresa gestora de fundos alegadamente ilegais em paraísos fiscais, onde o rei emérito tem investimentos pessoais, que ninguém sabe para onde Juan Carlos foi.
Uns dizem que está em Cascais, onde esteve exilado com a família durante a ditadura de Franco, outros que tinha ido até ao Porto onde apanhou um avião até à República Dominicana, onde reside também o multimilionário empresário e amigo pessoal do monarca, Pepe Fanjul. O jornal online El Confidencial escreveu, por exemplo, que Juan Carlos poderá preferir viver em Portugal, onde passou a primeira infância, ou em França ou Itália, onde tem família.
Depois de a República Dominicana ter anunciado que o antigo governante não deu entrada no país por via aérea, a hipótese Portugal ganha força, alimentada pela viagem relâmpago de Marcelo Rebelo de Sousa a Madrid, no dia 21 de julho, para almoçar com o rei Felipe VI no Palácio Zarzuela, sem comitiva, e 20 dias depois de um encontro recente entre os dois na reabertura das fronteiras entre os dois países.
O último 'avistamento' de Juan Carlos consta nas páginas do jornal espanhol 'El Confidencial', que revela que o monarca viajou de carro da capital espanhola até Azeitão, no distrito de Setúbal, onde foi recebido por dois velhos amigos, João Manuel Brito e Cunha, herdeiro da família Alburquerque d’Orey, e a mulher Ana Filipa Espírito Santo.
A decisão de Juan Carlos abandonar Espanha acontece quatro meses depois de Filipe VI ter privado o seu pai de uma subvenção pública de quase 200.000 euros anuais, enquanto renunciava a qualquer herança que pudesse corresponder às suas contas no estrangeiro.
O antigo rei de Espanha não está a ser investigado, mas fontes judiciais suíças já disseram que pode vir a sê-lo num futuro próximo, embora a lei exija que apenas o departamento fiscal do Supremo Tribunal possa assumir o caso.
A investigação está na fase que pode determinar se há indícios suficientes para poder acusar Juan Carlos de ter cometido algum delito, desde que deixou o trono. Os seus advogados já disseram que o rei emérito continuará a colaborar com a justiça, apesar da decisão de deixar Espanha para viver noutro país.
Esteja onde estiver, este Wally não tem óculos, nem camisolas às riscas vermelhas e brancas. Ainda assim, poderá ser encontrado pelo peso que carrega às costas de um povo que não lhe perdoa a 'brincadeira' com as contas públicas durante umas das maiores crises financeiras de que há memória no país.
A Casa Real só dará a solução do problema quando for autorizada a tal. Até lá, navegamos neste Sudoku geográfico em busca do antigo rei.
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