Num relatório com dados até ao dia 18, a OCHA afirma que a situação no norte do país “permanece volátil e altamente imprevisível” devido ao conflito, que se propagou de Tigray para as regiões vizinhas de Amhara e Afar.
Além disso, sublinha que as operações humanitárias estão “severamente limitadas devido à insegurança, impedimentos burocráticos e outros fatores que dificultam a prestação de assistência humanitária urgente”.
De acordo com o relatório, nenhuma ajuda humanitária organizada pela ONU chegou a Tigray, desde 18 de outubro.
“Atualmente, mais de 300 camiões estão posicionados em Semera (capital de Afar), à espera de autorização das autoridades”, afirmou.
Em Amhara e Afar, “dezenas de milhares de pessoas” tornaram-se deslocados devido aos combates, segundo a OCHA.
Além disso, a situação alimentar em Tigray “continua precária, com o número elevado de crianças com desnutrição aguda grave e o nível de subnutrição aguda entre mães grávidas e lactantes acima dos 60%, nos últimos meses”.
Sobre o conflito, o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) salientou, num comunicado emitido hoje, que “as necessidades humanitárias urgentes continuam a crescer” em Amhara e Afar.
“É uma corrida contra o tempo para responder a algumas das necessidades humanitárias mais urgentes”, avisou o chefe da delegação do CICV em Adis Abeba, Nicolas Von Arx.
A guerra eclodiu em 04 de novembro de 2020, quando o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, ordenou uma ofensiva contra a Frente de Libertação do Povo Tigray (FLPT), no poder na região, alegadamente como retaliação a um ataque a uma base militar federal e na sequência de uma escalada de tensões políticas.
Até agora, de acordo com a ONU, milhares de pessoas foram mortas e cerca de dois milhões são deslocados internos em Tigray.
O FLPT, que antes de Abiy chegar ao poder na Etiópia, em 2018, dominou o governo etíope, formou também uma aliança com outros grupos insurgentes, tais como o Exército de Libertação Oromo (OLA), ativo na região de Oromia, perto da capital do país, Adis Abeba.
Os receios de que os rebeldes pudessem assumir a capital do segundo país mais populoso de África (mais de 110 milhões de pessoas) suscitaram esforços diplomáticos por parte da comunidade internacional, no sentido de levar a uma cessação das hostilidades e a um acordo negociado.
Contudo, estes esforços têm-se revelado, até agora, infrutíferos.
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