O Secretário Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, alertou para a iminente crise global da água no prefácio de um relatório publicado antes da Conferência da Água de 2023 das Nações Unidas. Esta conferência é presidida pelos Países Baixos e o Tajiquistão, tendo como tema 'Água para o Desenvolvimento Sustentável'.

"A humanidade embarcou cegamente num caminho perigoso e todos nós sofremos as consequências. O superconsumo e o superdesenvolvimento vampírico, a exploração insustentável dos recursos hídricos, a poluição e o aquecimento global descontrolado estão a esgotar, gota a gota, esta fonte de vida da humanidade", afirmou Guterres.

Com água insuficiente em alguns locais, demais em outros onde as inundações estão a aumentar ou água contaminada, o relatório da ONU-Água e da Unesco [Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura], divulgado na terça-feira, destaca o "risco iminente de uma crise global de água".

Para o autor do relatório, Richard Connor, "quantas pessoas serão afetadas por esta crise global de água é uma questão de enquadramento. Se nada for feito, entre 40 e 50% da população continuará sem acesso aos serviços de saneamento e cerca de 20 a 25% à água potável", alertou Connor.

Nos últimos 40 anos, o uso de água potável aumentou quase 1% ao ano e o relatório da ONU-Água destaca que a escassez de água tende a espalhar-se e a piorar com o impacto do aquecimento global, alertando que em breve atingirá até mesmo as regiões poupadas atualmente, como o leste da Ásia ou a América do Sul.

Assim, aproximadamente 10% da população mundial vive num país onde o 'stresse' hídrico atingiu um nível alto ou crítico e de acordo com o relatório de especialistas em clima da ONU (IPCC), publicado na segunda-feira: "Cerca de metade da população mundial sofre de escassez severa de água durante pelo menos parte do ano".

O problema não é apenas a falta de água, mas a contaminação daquela disponível, devido à ausência ou deficiência de sistemas de saneamento. Pelo menos dois biliões de pessoas bebem água contaminada com fezes, expondo-as à cólera, disenteria, febre tifoide e poliomielite. A água é ainda afetada pela poluição por produtos farmacêuticos, químicos, pesticidas, microplásticos ou nanomateriais. Para garantir o acesso à água potável para todos até 2030, os atuais níveis de investimento devem ser multiplicados por pelo menos três, estima a ONU-Água.

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