“O Comité saúda a adoção do Plano Nacional de Combate à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes”, começa por dizer um dos pontos do documento que expõe as conclusões, no qual se afirma “seriamente preocupado” com “a dimensão” do crime de abuso sexual de menores, a prostituição e pornografia infantil e a falta de serviços de apoio a vítimas destas situações.
O comité assinalou que o crime de abuso sexual de menores foi “o crime sexual mais denunciado durante o ano judicial 2016/2017″ e que os agressores “são regularmente membros da família ou conhecidos da família”, além de acontecerem também em escolas.
Segundo dados do Instituto Cabo-Verdiano da Criança e do Adolescente (ICCA), em 2018, o instituto recebeu 188 denúncias de abuso sexual, um aumento face às 172 do ano anterior e às 127 de 2016.
Nas conclusões alcançadas e debatidas durante a reuniões do comité entre 22 e 31 de maio, em Genebra, Suíça, refere-se também a exploração e abuso sexual de crianças no contexto turístico, uma situação que “afeta particularmente meninas”.
Nesse sentido, o Comité exortou Cabo Verde a “proibir e criminalizar o uso, procura ou oferta de crianças entre os 16 e os 18 anos para propósitos de prostituição ou de pornografia”, a adoção de “uma abordagem multissetorial” para assegurar que as vítimas destes abusos têm acesso a apoio médico, psicológico e social após as denúncias, assim como de intervenções que recorrem à análise de provas e recursos forenses.
O “estabelecimento de mecanismos, procedimentos e linhas guia para assegurar a denúncia obrigatória de casos de exploração e abuso sexual de menores” é também uma das medidas solicitadas pelo comité, que integra o escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OHCHR).
A realização de iniciativas para aumentar a consciencialização sobre o assunto e para combater a estigmatização de temas como o incesto, também é algo solicitado pelo comité, que apela também para um maior diálogo com a indústria do turismo com vista ao fortalecimento da prevenção e denúncia de casos de exploração e abuso sexual em contexto turístico.
Nas conclusões, o Comité das Nações Unidas para os Direitos das Crianças saudou a adoção do Estatuto da Criança e do Adolescente em 2013 e a criação da Comissão Nacional para os Direitos Humanos e a Cidadania em 2004, assim como “o progresso significativo na redução da taxa de mortalidade infantil” e a quase total adoção de uma educação primária universal.
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