“A Fortera, empresa líder no Norte de Portugal no setor da promoção imobiliária, anunciou hoje Pedro Ferreira como o novo CEO [diretor-executivo] do grupo, na sequência da demissão do cargo, voluntária e oficial, do seu cofundador Elad Dror, até que todas as acusações de que foi alvo no âmbito do processo ‘Babel’ sejam totalmente esclarecidas, algo que a empresa e os seus fundadores esperam para breve”, refere a Fortera, em comunicado enviado à agência Lusa.
A nota refere que “Pedro Ferreira é um dos primeiros membros da Fortera, promovido agora a CEO, deixando a posição anterior de diretor de engenharia e construção da empresa”.
“Com mais de 20 anos de experiência na indústria da construção como engenheiro civil e membro sénior da Ordem dos Engenheiros, Pedro Ferreira conta também com um MBA em Gestão, uma Pós-Graduação em Avaliação e Gestão Imobiliária e uma Pós-Graduação em Gestão de Turismo e Hotelaria, o que lhe confere um sólido conhecimento em todas as áreas de atuação da empresa”, lê-se no comunicado.
A empresa acrescenta que o agora editor-executivo “começou na Fortera na gestão de projetos, tendo sido, posteriormente, promovido a diretor de engenharia e construção, onde foi responsável pela gestão e supervisão da construção dos projetos do grupo, desde a conceção até à conclusão”.
Pedro Ferreira acredita que a Fortera “vai continuar forte e a assumir uma posição de liderança no mercado nesta nova etapa”.
“É com muito entusiasmo que assumo este papel na Fortera, uma empresa conhecida pela dinâmica diferenciadora e pelas iniciativas arrojadas. Estou empenhado em continuar a criar valor através do trabalho árduo e dedicado que sempre nos caracterizou, assente nos valores da integridade e transparência”, afirma Pedro Ferreira, citado no comunicado.
Também citado no comunicado, o antigo CEO e cofundador do grupo, Elad Dror, expressou confiança nas capacidades de Pedro Ferreira.
“É um grande trunfo para os futuros projetos da Fortera, dadas as suas extraordinárias capacidades de gestão e a vasta experiência, que vão fazer prosperar o grupo, ultrapassando os desafios e representando os acionistas ao mais alto nível”, declarou Elad Dror.
A investigação do Ministério Público (MP) no processo principal da Operação Babel acredita, segundo um despacho do Departamento de Investigação e Ação Penal Regional do Porto, que Elad Dror e o empresário do ramo imobiliário Paulo Malafaia, através do advogado João Lopes, entregaram mais de 120 mil euros ao então vice-presidente da Câmara de vila Nova de Gaia, Patrocínio Azevedo (PS), para que este decidisse em favor dos seus interesses urbanísticos.
A Fortera reitera que não cometeu qualquer crime, sublinhando que “não recebeu favorecimentos por parte de qualquer representante do município” de Vila Nova de Gaia.
Em comunicado divulgado em 16 de maio, dia da detenção dos quatro arguidos, a Polícia Judiciária explicou que a “Operação Babel centra-se na viciação de normas e instrução de processos de licenciamento urbanístico em favor de promotores associados a projetos de elevada densidade e magnitude, estando em causa interesses imobiliários na ordem dos 300 milhões de euros, mediante a oferta e aceitação de contrapartidas de cariz pecuniário”.
A investigação do MP sustenta que Elad Dror, fundador do grupo Fortera, com capitais israelitas, e Paulo Malafaia, promotor imobiliário, “combinaram entre si desenvolverem projetos imobiliários na cidade de Vila Nova de Gaia, designadamente os denominados Skyline/Centro Cultural e de Congressos, Riverside e Hotel Azul”, segundo o mesmo despacho.
No processo principal da Operação Babel estão em causa crimes de recebimento ou oferta indevidos de vantagem, de corrupção ativa e passiva, de prevaricação e de abuso de poder, praticados por e sobre funcionário ou titular de cargo político.
Depois de presentes a primeiro interrogatório judicial, o Tribunal de Instrução Criminal do Porto determinou, em 19 de maio, que o vice-presidente da Câmara de Gaia à data dos factos, Patrocínio Azevedo, e o empresário Paulo Malafaia ficassem em prisão preventiva.
Elad Dror saiu em liberdade, mas teve de prestar uma caução de um milhão de euros e entregar o passaporte, enquanto o advogado João Lopes ficou com a medida de coação de prisão domiciliária.
Um quinto arguido, Amândio Dias, foi obrigado a suspender funções de técnico superior na Direção Regional de Cultura do Norte.
Os cinco arguidos detidos no âmbito do processo principal da Operação Babel ficaram também proibidos de contactar entre si e com arguidos a constituir.
Comentários