Segundo três advogados que representam seis dos sete arguidos, os defensores tiveram hoje à tarde a oportunidade de tomarem conhecimento dos factos indiciados pelo Ministério Público (MP).
O primeiro interrogatório judicial, para aplicação de medidas de coação aos sete arguidos, dois dos quais agentes da PSP, será realizado a partir das 09:30 de sexta-feira, pela juíza de instrução criminal Maria Antónia Andrade, desconhecendo-se ainda quem vai prestar declarações.
Segundo uma funcionária judicial, das 09:30 às 10:30 os advogados poderão consultar as provas que constam do processo, seguindo-se o interrogatório de quatro arguidos.
Os restantes três chegarão ao Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa às 14:00.
Nove pessoas foram detidas na quarta-feira na sequência da operação “Ferrocianeto” relacionada com o furto de armas na direção nacional da PSP, ocorrido em 2017, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR).
De acordo com uma nota da PGR, no decurso das diligências foram efetuadas nove detenções, sete das quais relacionadas com o inquérito em causa (três em cumprimento de mandados de detenção emitidos pelo Ministério Público e quatro em flagrante delito).
Duas pessoas foram detidas por posse de objetos proibidos, não estando as detenções relacionadas com o inquérito sobre o furto das 57 armas Glock retiradas da direção nacional da PSP, em 2017.
No âmbito do inquérito que investiga este furto, processo que é tutelado pelo Ministério Público do Departamento de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e coadjuvado pela Polícia de Segurança Pública (PSP), foram realizadas 15 buscas domiciliárias e quatro buscas não domiciliárias, em vários concelhos do país.
Ainda segundo a PGR, no decurso das operações, foram apreendidas diversas armas, munições, material informático e equipamento de telecomunicações.
As diligências de recolha de prova, no âmbito deste inquérito, continuam a decorrer.
Segundo o porta-voz da PSP, do total dos detidos, dois são agentes da autoridade.
Fonte ligada ao processo disse à agência Lusa que um dos suspeitos hoje detido pela PSP está relacionado com o processo do furto das armas de Tancos.
A operação “Ferrocianeto” abrange os concelhos de Vila Nova de Gaia, Gondomar, Mafra, Abrantes, Alvaiázere, Sintra, Cascais, Oeiras, Lisboa, Almada e Albufeira.
Em janeiro de 2017 foi detetado o desaparecimento, do armeiro da sede da Polícia de Segurança Pública (PSP), de 57 armas Glock após a apreensão de uma arma de fogo da polícia durante uma operação policial que decorreu no Porto.
Outras três armas foram detetadas, posteriormente, pelas autoridades espanholas em Ceuta.
Na altura foram suspensos os dois agentes responsáveis pela listagem das armas, aberto um inquérito e uma comunicação ao Ministério Público para efeitos de investigação criminal.
A 17 de outubro deste ano, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, disse no parlamento que haviam sido recuperadas oito das 57 armas Glock desaparecidas “em operações distintas, sem nenhuma característica comum entre as mesmas.
O ministro afirmou que quatro armas foram recuperadas em Espanha, três das quais na Andaluzia e uma Ceuta, e outras quatro em Portugal.
Eduardo Cabrita referiu ainda que o oficial da PSP que foi responsável pelo departamento onde estavam armazenadas 57 armas desaparecidas em janeiro de 2017 foi exonerado de oficial de ligação do Ministério da Administração Interna na Guiné-Bissau.
Na sequência dos processos disciplinares abertos pela PSP a este caso, foi determinado, em março de 2017, a cessação da comissão de serviço do ex-diretor do Departamento de Apoio Geral da direção Nacional da PSP, enquanto oficial de ligação do MAI na Guiné-Bissau.
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