O Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte revelou hoje que, com essa iniciativa, quer sensibilizar a comunidade em geral para casos como o da operária que foi vítima de assédio moral pela empresa.
"A comunidade artística está muito sensível para a luta pelos direitos os trabalhadores e houve muitos artistas que se associaram a nós neste projeto, sem cobrarem cachê, para manifestarem o seu apoio à Cristina e incentivarem outras pessoas na mesma situação a denunciarem esses casos", disse à Lusa o dirigente do Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte, Alírio Martins.
O espetáculo, de entrada livre, terá lugar às 21:00 no auditório da Tuna Musical Mozelense, na freguesia de Mozelos, e contará também com as atuações de Ana Lains, Rogério Charraz, Tim e Canto D'Aqui.
A essas performances em palco e ao vivo acrescentar-se-ão ainda depoimentos em vídeo por Sérgio Godinho, Jorge Palma, Vitorino e Capicua.
O espetáculo terá apresentação de Cândido Mota e contará também com a intervenção de Arménio Carlos, secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP).
O Tribunal da Feira condenou na segunda-feira a corticeira Fernando Couto por assédio moral à operária Cristina Tavares, mantendo a coima de 31.110 euros por uma contraordenação muito grave, aplicada pela Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT).
A sentença, que foi entregue em mãos às partes, julgou totalmente improcedente a impugnação judicial, interposta pela empresa, da referida decisão administrativa.
A empresa foi ainda condenada a uma sanção acessória de publicidade.
Em comunicado, a empresa adiantou que vai recorrer.
“Vamos analisar a decisão e interpor recurso, pois não nos conformamos com a injustiça”, afirmou a administração da Fernando Couto.
Cristina Tavares foi despedida da empresa de Santa Maria da Feira em janeiro de 2017, alegadamente por ter exercido os seus direitos de maternidade e de assistência à família, mas o tribunal considerou o despedimento ilegal e determinou a sua reintegração na empresa.
Em janeiro deste ano, a empresa corticeira voltou a despedi-la acusando-a de difamação, depois de ter sido multada pela ACT, que verificou no local que tinham sido atribuídas à trabalhadora tarefas improdutivas, carregando e descarregando os mesmos sacos de rolhas de cortiça, durante vários meses.
A situação de Cristina Tavares deu origem a duas contraordenações da ACT à empresa Fernando Couto Cortiças, uma que resultou numa coima de 31.110 euros, por assédio moral à operária, e outra que levou a uma coima de 6.000 euros, por irregularidades relativas à segurança e à saúde da funcionária no local de trabalho.
Na quarta-feira vai começar a ser julgada no Tribunal da Feira a ação intentada pela empresa a contestar a segunda multa.
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