A humanidade tem vindo a lutar contra os vírus desde muito antes de a espécie humana ter evoluído para a sua forma moderna. Mas só em meados do século XIX o cientista francês Louis Pasteur avançou com a teoria microbiana das doenças (que estabelece que os microorganismos são a causa de inúmeras doenças), na qual explicava que todas as doenças eram causadas e propagadas por algum tipo de vida minúscula, que se multiplicava no organismo doente e se transmitia a outros.
Foi ao investigar a raiva que Pasteur constatou que, embora a doença fosse contagiosa, o micro-organismo não podia ser observado, mesmo através de microscópio. As primeiras imagens de vírus foram obtidas após a invenção do microscópio electrónico, em 1931.
A segunda metade do século XX foi a idade de ouro da descoberta do vírus e foram reconhecidas mais de duas mil novas espécies de vírus de animais, plantas e bactérias.
Em relação a algumas doenças virais, as vacinas e medicamentos antivirais permitem impedir que as infeções se espalhem amplamente e ajudam as pessoas doentes a recuperar. Num caso específico, o da varíola, foi até possível erradicar a doença, livrando o mundo de novos contágios.
Mas ainda há um longo caminho a percorrer para ganhar a luta contra os vírus. Nas décadas mais recentes, alguns vírus passaram de animais para humanos e desencadearam surtos consideráveis, causando milhares de mortes. A mutação viral que levou ao surto de Ébola na África Ocidental em 2014-2016 matou 90% das pessoas infectadas, tornando-o o vírus mais letal da família Ébola.
O H1N1 foi responsável pela última pandemia declarada pela Organização Mundial de Saúde. Estávamos em abril de 2009 e também demorou para determinar uma taxa de letalidade: de 0,01% a 0,08%. A pandemia, inicialmente designada Gripe Suína e depois Gripe A, foi provocada por uma variante da Gripe Suína, cujos primeiros casos ocorreram no México em meados de março de 2009. O vírus foi identificado como uma nova estirpe do já conhecido Influenza A, subtipo H1N1, e matou 122 pessoas em Portugal.
Em agosto de 2010, a então diretora-geral da OMS anunciou o fim da pandemia de Gripe A (H1N1). Mais de uma em cada cinco pessoas terão sido infetadas com o vírus H1N1 durante a pandemia, embora oficialmente esta tenha causado menos mortes do que uma simples gripe sazonal.
Mas existem outros vírus por aí que são igualmente mortais ou mais mortais ainda. Alguns deles, incluindo o novo coronavírus, que agora se propaga em todo o mundo, têm taxas mais baixas de letalidade e mortalidade (dois conceitos diferentes - ver nota), mas representam uma séria ameaça à saúde pública, pois ainda não há meios para os combater. Aqui fica uma lista dos 12 vírus mais perigosos.
Marburg
Os cientistas identificaram o vírus Marburg em 1967, quando ocorreram pequenos surtos entre trabalhadores de laboratórios na Alemanha (Marburg e Frankfurt) expostos a macacos infetados importados do Uganda, e que eram utilizados na investigação e desenvolvimento de vacinas da pólio.
O vírus Marburg é semelhante ao Ébola, pois ambos podem causar febre hemorrágica: significa que as pessoas infetadas desenvolvem febre alta e hemorragias, o que pode levar ao choque, falência de órgãos e morte.
A doença é caraterizada por febre súbita, dores de cabeça e mialgia, após um período de incubação de cinco a dez dias. Passada uma semana, aparece uma inflamação na pele, seguida de vómitos, dores no peito e abdominais e diarreia. Pode agravar-se, com iterícia, delírios, falência do fígado e hemorragia extensas.
Aparentemente, o vetor da doença foram os morcegos-da-fruta.
A taxa de letalidade no primeiro surto foi de 25%, mas foi superior a 80% no surto de 1998-2000, na República Democrática do Congo, bem como no surto de 2005, em Angola, ou em 2007-2014, com epicentro no Uganda.
Ébola
Os primeiros surtos de Ébola conhecidos em humanos ocorreram simultaneamente na República do Sudão e na República Democrática do Congo, em 1976.
O Ébola é transmitido por contacto direto com fluidos ou secreções corporais (como sangue, vómito, urina, fezes, saliva ou sémen) de pessoas infetadas, mortas ou vivas. Pode também ser transmitida através do contacto direto com superfícies, objetos ou roupas contaminadas com fluidos de doentes. A doença pode ainda ser transmitida por contacto sexual não protegido até três meses depois de alguém se ter recuperado da doença. A doença pode ainda ser adquirida por contacto direto com sangue e outros fluidos corporais de animais portadores da doença ou pela ingestão da carne dos mesmos.
As estirpes conhecidas variam drasticamente na sua letalidade. Uma das estirpes, o Ébola Reston, nem deixa as pessoas doentes, mas no caso da estirpe de Bundibugyo a taxa de letalidade atinge os 50% e no da estirpe do Sudão pode chegar aos 71%, segundo a OMS.
O surto, ainda presente na África Ocidental, começou no início de 2014 e é o maior e mais complexo da doença até o momento, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.
Os sintomas mais frequentes são febre, náuseas, vómitos e diarreia, dores abdominais, dores musculares, dores de cabeça, dores de garganta, fraqueza e hemorragia inexplicada, e aparecem subitamente entre dois e 21 dias após a exposição ao vírus.
A fase seguinte da doença pode caraterizar-se pelo aparecimento de manchas na pele, insuficiência hepática e renal. Alguns doentes apresentam igualmente hemorragias internas e externas abundantes e insuficiência de vários órgãos.
Não está ainda disponível qualquer tratamento específico para a doença. Os cuidados envolvem reidratação oral (administração de água ligeiramente doce e salgada) ou terapia intravenosa.
A doença apresenta elevado risco de morte, matando entre 25% e 90% das pessoas infectadas. Estão em curso medidas para desenvolver uma vacina, embora ainda não exista nenhuma. Em 2017, cientistas da Universidade de Queensland, na Austrália, desenvolveram um tratamento eficaz, rápido e económico para o vírus Ébola usando anticorpos de cavalos.
Raiva
Embora as vacinas anti-rábicas para animais de estimação introduzidas na década de 1920 ajudem a tornar a doença extremamente rara no mundo desenvolvido, essa condição continua a ser um problema sério na Índia e em regiões da África.
A doença provoca a destruição do cérebro. Mas há vacina contra a raiva e anticorpos que funcionam contra a raiva, pelo que se alguém for mordido por um animal infectado, o tratamento e possível. No entanto, se não receber tratamento, a possibilidade de morrer é de 100%.
A raiva é uma doença infeciosa que afeta os mamíferos: o vírus instala-se e multiplica-se, primeiro nos nervos periféricos, depois no sistema nervoso central e dali para as glândulas salivares, de onde se multiplica e propaga.
A transmissão dá-se do animal infetado para o saudável através do contacto da saliva, por mordedura, lambidela de feridas abertas, mucosas ou arranhões. Outros casos de transmissão foram registados pela via inaladora, pela placenta e aleitamento e, entre humanos, pelo transplante de córnea.
Nas áreas urbanas a raiva tem como principal agente o cão, seguido pelo gato; em zonas selvagens a transmissão dá-se principalmente por lobos, raposas, coiotes e morcegos hematófagos. Cerca de 80% dos casos são registados em animais carnívoros.
Mesmo sendo controlada nos animais domésticos em várias partes do mundo, a raiva requer atenção. Na saúde pública, o seu controlo e vigilância geram grande despesa, mesmo nos locais onde é considerada erradicada ou sob controlo, já que se trata de uma doença fatal em todos os casos que evoluem para a manifestação dos sintomas.
Até 2006 foram registados apenas seis casos de cura em humanos, cinco dos quais receberam tratamento vacínico pré e pós-exposição. Somente um, em 2004, parece não ter recebido estes cuidados. A incidência é global, salvo em algumas áreas específicas em que é considerado erradicado, como na Antártida, Japão ou Reino Unido.
VIH/Sida
No mundo moderno o vírus mais mortal de todos pode ser o VIH. Estima-se que 32 milhões de pessoas morreram de VIH desde que a doença foi reconhecida pela primeira vez, no início dos anos 1980. Hoje, calcula-se que pelo menos 37 milhões vivem com o vírus. Esta é a doença infeciosa que mais afeta a humanidade.
Poderosos medicamentos antivirais tornaram possível que as pessoas vivam anos com o VIH, mas a doença continua a devastar muitos países de baixo e médio rendimento, onde ocorrem 95% das novas infeções. Em África, quase um em cada 25 adultos é VIH positivo, representando mais de dois terços das pessoas a viver com HIV em todo o mundo.
Em Portugal, e de acordo com os números disponíveis mais recentes, 91,7% das pessoas que vivem com a VIH estão diagnosticadas, 86,8% das pessoas diagnosticadas estão a ser tratadas e 90,3% das pessoas em tratamento têm carga viral indetetável.
Varíola
Em 1980 a Organização Mundial da Saúde declarou o mundo livre de varíola. Mas, antes disso, os seres humanos lutaram contra a varíola milhares de anos e a doença matou perto de um em cada três infetados. Além disso, deixou os sobreviventes com cicatrizes profundas e permanentes e, muitas vezes, cegos.
As taxas de mortalidade eram muito mais altas em populações fora da Europa, onde as pessoas tinham pouco contacto com o vírus antes de os visitantes o trazerem para as suas regiões. Por exemplo, historiadores estimam que 90% da população nativa das Américas morreu de varíola introduzida por exploradores europeus. Só no século XX a varíola matou entre 300 milhões a 500 milhões de pessoas - o risco de morte após contrair a doença era de cerca de 30%, sendo superior em bebés. O fardo era imenso, não apenas pela morte, mas também pelas marcas deixadas.
Os sintomas iniciais mais comuns de varíola são febre e vómitos. Aos sintomas iniciais segue-se a formação de úlceras na boca e erupções cutâneas no corpo. Após vários dias, as erupções cutâneas evoluem para bolhas características, repletas de líquido e com uma depressão no centro. A determinado momento, as bolhas ganham crostas e desprendem-se, deixando cicatrizes na pele.
A doença era transmitida diretamente entre pessoas ou através do contacto com objetos contaminados. A prevenção era feita com a vacina contra a varíola. Nos casos em que a doença já tinha sido contraída, podiam ser usados alguns antivirais.
Em 1967 ocorriam ainda 15 milhões de casos por ano. O último caso natural da doença foi diagnosticado em outubro de 1977, o que levou a OMS a declarar a erradicação da doença em 1980.
Hantavírus
A síndrome pulmonar de Hantavírus (HPS) ganhou grande atenção nos Estados Unidos da América em 1993, quando um jovem saudável e a sua noiva, que moravam na região oeste (Four Corners) dos EUA, morreram, poucos dias após desenvolverem falta de ar.
Meses mais tarde, as autoridades de saúde isolaram o Hantavírus num rato que vivia na casa de uma das pessoas infetadas. Mais de 600 pessoas nos EUA já contraíram HPS e 36% morreram da doença, de acordo com os Centro de Controlo e Prevenção de Doenças.
O vírus não é transmitido de uma pessoa para outra, pelo contrário, as pessoas contraem a doença pela exposição aos excrementos de ratos infectados.
Anteriormente, uma outra estirpe de Hantavírus causou um surto no início dos anos 50, durante a Guerra da Coreia. Mais de três mil soldados foram infetados e cerca de 12% morreram. Em 1993, uma espécie de Hantavírus foi tida como causadora da síndrome cardiopulmonar por Hantavírus, provocada pelo vírus Sem Nome, no Novo México e em outros quatro estados.
Embora o vírus fosse novo na medicina ocidental, quando foi descoberto nos EUA, os investigadores perceberam que as tradições médicas locais já relatavam uma doença semelhante, que vinculavam a ratos.
Gripe
Durante uma típica temporada de Gripe podem morrer cerca de 500 mil pessoas em todo o mundo. No ano passado, segundo a OMS, terão morrido 650 mil, das quais três mil em Portugal.
Ocasionalmente, porém, quando surge uma nova estirpe de Gripe, ocorre uma pandemia, com uma propagação mais rápida da doença e, geralmente, com taxas de letalidade mais altas.
A pandemia de Gripe mais mortal, muitas vezes chamada Gripe Espanhola, começou em 1918 e atacou cerca de 40% da população mundial, matando perto de 50 milhões de pessoas.
A Gripe é uma doença infeciosa causada por diversos vírus ARN, que afeta aves e mamíferos. Os sintomas mais comuns são calafrios, febre, rinorreia, dores de garganta, dores musculares, dores de cabeça, tosse, fadiga e sensação geral de desconforto. Em crianças pode ainda provocar diarreia e dores abdominais. Embora seja frequentemente confundida com uma constipação, a Gripe é uma doença mais grave provocada por um tipo de vírus diferente.
A Gripe é geralmente transmitida por via aérea, através de tosse ou de espirros, os quais propagam partículas que contêm o vírus. A gripe pode também ser transmitida por contacto directo com excrementos ou secreções nasais infetadas, ou através de contacto com superfícies contaminadas.
Os vírus da Gripe podem ser neutralizados pela luz solar, desinfetantes e detergentes. Uma vez que o vírus pode ser neutralizado com sabonete, lavar frequentemente as mãos reduz o risco de infeção. Ocasionalmente, a Gripe pode levar ao aparecimento de pneumonia, tanto viral como bacteriana, mesmo em pessoas saudáveis.
Os países desenvolvidos têm geralmente à disposição vacinas contra a Gripe. No entanto, uma vacina produzida para um determinado ano pode não ser eficaz no ano seguinte, uma vez que o vírus da Gripe evolui rapidamente, substituindo as estirpes antigas por novas. No tratamento da Gripe são também usados alguns antivirais.
A Gripe propaga-se globalmente em ciclos sazonais de epidemias, as quais provocam anualmente entre três e cinco milhões de casos graves da doença e entre 250 mil e 500 mil mortes, mas pode ascender a milhões em anos de pandemia.
Ao longo do século XX ocorreram três pandemias de Gripe, cada uma provocada pelo aparecimento de uma nova estirpe do vírus em seres humanos, e responsável pela morte de dezenas de milhões de pessoas. Em muitos casos, as novas estirpes de Gripe aparecem quando um vírus já existente se propaga para o ser humano a partir de outra espécie animal, ou quando uma estirpe humana recolhe novos genes de um vírus que só infeta aves ou suínos. Uma estirpe aviária, denominada H5N1, levantou algumas preocupações em relação a uma nova pandemia de gripe nos finais da década de 1990, mas não chegou a evoluir para uma forma de fácil contágio entre o ser humano. Mas em Abril de 2009 houve uma pandemia provocada por uma nova estirpe, que combinava genes da Gripe humana, aviária e suína, denominada H1N1.
A vacina da Gripe é a principal medida de prevenção e tem como objetivo proteger os grupos mais vulneráveis da doença e as suas complicações: pessoas com idade igual ou superior a 65 anos, doentes crónicos e imunodeprimidos (a partir dos 6 meses), grávidas e profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados.
Dengue
O vírus da Dengue apareceu pela primeira vez na década de 1950, nas Filipinas e na Tailândia, e desde então espalhou-se pelas regiões tropicais e subtropicais do globo. Actualmente, até 40% da população mundial vive em áreas onde a Dengue é endémica e é provável que a doença - como os mosquitos que a carregam - se espalhe mais à medida que o mundo enfrenta o aquecimento global.
A Dengue contamina entre 50 e 100 milhões de pessoas por ano, segundo a Organização Mundial de Saúde. Embora a taxa de letalidade da Dengue seja menor do que alguns outros vírus, em 2,5% dos casos o vírus pode causar uma doença semelhante ao Ébola, chamada febre hemorrágica da Dengue, e essa condição tem uma taxa de letalidade de 20% quando não tratada.
No ano passado foi aprovada uma vacina para a Dengue, para uso em crianças dos 9 aos 16 anos de idade que vivem em áreas onde a Dengue é comum e com histórico confirmado de infeção por vírus. Em alguns países, também existe uma vacina disponível para pessoas entre os 9 e os 45 anos, mas, novamente, os destinatários devem ter contraído Dengue para a tomar. Aqueles que não foram infetados pelo vírus podem ficar em risco de desenvolver Dengue grave se forem vacinados.
A Dengue transmite-se através da picada de mosquitos infetados com o vírus, não ocorrendo transmissão de pessoa para pessoa. Até ao momento não foram detetados mosquitos daquele género em Portugal Continental, pelo que não há risco de emergência de casos indígenas. Todos os casos diagnosticados até à data foram importados de regiões endémicas.
A Dengue tem um período de incubação de três a sete dias, podendo prolongar-se até 14 dias. A doença manifesta-se, geralmente por febre, dores de cabeça, dores musculares e nas articulações, vómitos e manchas vermelhas na pele. A prevenção é a melhor estratégia de combate, já que não existe vacina.
Rotavírus
Agora estão disponíveis duas vacinas para proteger as crianças do Rotavírus, a principal causa de doenças diarreicas graves entre bebés e crianças pequenas. O vírus pode propagar-se rapidamente através da rota fecal-oral.
Embora as crianças raramente morram da doença no mundo desenvolvido, ela continua a ser fatal no mundo em desenvolvimento, onde os tratamentos de reidratação não estão disponíveis em larga escala.
A Organização Mundial de Saúde estima que em todo o mundo 453 mil crianças com menos de cinco anos morreram de infecção por Rotavírus em 2008. Mas os países que introduziram a vacina relataram declínios acentuados nas hospitalizações e mortes por Rotavírus.
O Rotavírus é umas das principais causas de diarreia grave em lactentes e crianças jovens, e é um dos diversos vírus que causa infeções comumente chamadas gastroenterites. Calcula-se que até aos cinco anos de idade quase todas as crianças do mundo tenham sido infectadas por um Rotavírus pelo menos uma vez. No entanto, como em cada infeção se desenvolve imunidade, as infeções subsequentes são menos graves e os adultos raramente são afetados.
Existem oito espécies deste tipo de vírus, sendo o mais comum responsável por mais de 90% das infecções em seres humanos.
O vírus infecta e danifica as células que revestem o intestino delgado, provocando gastroenterite. O Rotavírus foi descoberto em 1973 e é responsável por 50% dos internamentos hospitalares devido a diarreias agudas em crianças. Além do impacto na saúde humana, os Rotavírus também causam infeções em animais, inclusive no gado.
O tratamento é feito pela administração de muita água com um pouco de sal e açúcar para restabelecer os líquidos e electrólitos perdidos na diarreia.
SARS-CoV
O vírus que causa a Síndrome Respiratória Aguda Grave, ou SARS, apareceu pela primeira vez em 2002, na província de Guangdong, no sul da China, segundo a OMS. O vírus surgiu provavelmente em morcegos, tendo passado para outros mamíferos noturnos, com os gatos almiscarados, vendidos como alimento em mercados de animais vivos, e daí para os seres humanos.
Depois de desencadear um surto na China, a SARS espalhou-se por 26 países em todo o mundo. Nessa epidemia, até 6 de março de 2020, foram notificados mais de 100 mil casos em todo o mundo, com 3.411 mortes (cerca de 3,38% de letalidade, que varia significativamente de acordo com a idade - menos de 1% entre as pessoas até aos 24 anos, mais de 50% entre as pessoas com idade igual ou superior a 65 anos).
A doença causa febre, calafrios e dores no corpo, e frequentemente progride para pneumonia, uma condição grave na qual os pulmões ficam inflamados e cheios de pus. A SARS tem uma taxa de letalidade estimada de 9,6% e, até o momento, não possui tratamento ou vacina aprovados.
A SARS é muito mais grave do que outras infecções por coronavírus, embora se assemelhe à Influenza (Gripe) que, ocasionalmente, provoca insuficiência respiratória progressiva grave.
A SARS-CoV é transmitida de pessoa para pessoa por contacto pessoal próximo. Acredita-se que seja transmitida mais prontamente por gotículas respiratórias produzidas quando uma pessoa infetada tosse ou espirra.
SARS-CoV-2 (COVID-19)
O SARS-CoV-2 pertence à mesma grande família do vírus SARS-CoV, conhecida como coronavírus, e foi identificado pela primeira vez em dezembro de 2019, na cidade chinesa de Wuhan.
O vírus terá tido origem em morcegos, como o SARS-CoV, e passou por um animal intermediário antes de infetar pessoas.
Desde o seu surgimento, o vírus infectou dezenas de milhares de pessoas na China e milhares de outras no mundo inteiro.
A doença causada pela SARS-CoV-2, chamada COVID-19, tem uma taxa de letalidade estimada de 3,6% - 3,9% na China e 3,2% fora dela, sendo que a variação entre países pode ir de 0% a 6,6%, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde.
O vírus até agora mata mais que o da Gripe (Influenza), mas menos do que o de outros integrantes da família coronavírus (SARS e MERS). As pessoas mais velhas ou com problemas de saúde subjacentes (imunodeprimidas) correm maior risco de ter a doença e complicações graves.
Os sintomas comuns incluem febre, tosse seca e falta de ar, e a doença pode evoluir para pneumonia nos casos mais graves.
Diversos coronavírus, descobertos inicialmente em aves domésticas na década de 1930, causam doenças respiratórias, gastrointestinais, hepáticas e neurológicas nos animais. Que se saiba, apenas sete coronavírus causam doença nos humanos, quatro destes frequentemente com sintomas de Gripe ou constipação.
Três dos sete coronavírus causam infeção respiratória muito mais grave nos humanos, por vezes fatal: SARS-CoV-2 (pandemia em curso), SARS-CoV e MERS-CoV.
MERS-CoV
O vírus que causa a Síndrome Respiratória do Médio Oriente, ou MERS, provocou um surto na Arábia Saudita em 2012 e outro na Coreia do Sul em 2015. O vírus MERS pertence à mesma família de vírus do SARS-CoV e SARS-CoV-2 e, provavelmente, também teve a sua origem em morcegos.
A doença infetou camelos antes de passar para os seres humanos e desencadeia febre, tosse e falta de ar nas pessoas infectadas.
O MERS geralmente progride para pneumonia grave e tem uma taxa de letalidade estimada entre os 34% e os 40%, tornando-o no mais letal dos coronavírus conhecidos que passaram de animais para pessoas. Assim como o SARS-CoV e o SARS-CoV-2, o MERS não possui tratamentos ou vacina aprovados.
Em 2018, em todo o mundo, foram notificados cerca de 2.500 casos de infeção por MERS-CoV, com pelo menos 850 mortes relacionadas, em 27 países. Todos os casos de MERS foram vinculados a viagens ou residência em países da Península Arábica ou vizinhos, mais de 80% na Arábia Saudita.
O maior surto conhecido de MERS fora da Península Arábica ocorreu na República da Coreia, em 2015. O surto foi associado a um turista. Também foram confirmados casos em países da Europa, Ásia, Norte da África, Médio Oriente e Estados Unidos.
Nota:
Mortalidade e letalidade não são a mesma coisa.
Mortalidade refere-se ao conjunto mortes ocorridas num dado intervalo de tempo;
Letalidade é o poder que uma doença tem de provocar a morte, ou seja, a taxa é calculada em função do número de óbitos resultantes de determinada causa e o número de pessoas acometidas pela doença.
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