Foi por volta das 10h00 da manhã deste sábado, 7 de setembro, que cinco reclusos com medidas especiais de segurança decidiram dar um passeio sem retorno para fora do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, em Lisboa. Tão longo foi o passeio que até ao momento ainda não foram encontrados.

A notícia foi inicialmente avançada pelo CM, e foi rapidamente confirmada a toda a comunicação social pela Direção-Geral de Reinserção e Serviços Públicos (DGRSP), numa nota enviada às redações.

Segundo a DGRSP, uma avaliação preliminar, com recurso a imagens de videovigilância, aponta para uma fuga dos cinco homens pelas 10h00 "com ajuda externa através do lançamento de uma escada, que permitiu aos reclusos escalarem o muro e acederem ao exterior".

"Conforme o protocolo, foram feitas imediatamente comunicações devidas aos órgãos de política criminal com vista à recaptura dos evadidos", acrescentou a DGRSP em comunicado.

De acordo com a DGRSP, foi aberto um processo de inquérito interno, a cargo do Serviço de Auditoria e Inspeção, coordenado pelo Ministério Público.

Todas as forças de segurança nacionais receberam o alerta e os reclusos estarão em fuga num Mercedes preto.

Quem são os fugitivos?

Os evadidos são dois cidadãos portugueses, Fernando Ribeiro Ferreira e Fábio Fernandes Santos Loureiro, um cidadão da Geórgia, Shergili Farjiani, um da Argentina, Rodolf José Lohrmann, e um do Reino Unido, Mark Cameron Roscaleer, com idades entre os 33 e os 61 anos.

Fernando Ribeiro Ferreira é um homem de 61 anos, condenado a 25 anos pelos crimes de tráfico de estupefacientes, associação criminosa, furto, roubo e rapto.

Rodolfo José Lohrmann, tem atualmente 59 anos, e cumpre pena de 18 anos e 10 meses pelos crimes de associação criminosa, furto, roubo, falsas declarações e branqueamento de capitais. Conhecido como "El Ruso" foi também um dos homens mais procurado na América Latina, nomeadamente na Argentina.

No grupo está também Mark Cameron Roscaleer, condenado a 9 anos pelos crimes de sequestro e roubo e que tem 39 anos, e Shergili Farjiani, 40 anos, condenado a 7 anos pelos crimes de furto, violência depois da subtração e falsificação de documentos.

O mais novo em fuga é Fábio Fernandes Santos Loureiro, conhecido como Fábio Cigano, com 33 anos e condenado a 25 anos, pelos crimes de tráfico de menor quantidade, associação criminosa, extorsão, branqueamento de capitais, injuria, furto qualificado, resistência e coação sobre funcionário e condução sem habilitação legal.

Este último seria o líder de um gangue ligado ao tráfico de droga no Algarve.

As imagens da fuga foram, entretanto, conhecidas e podem ser observadas aqui:

O que se está a passar agora?

O Sistema de Segurança Interna (SSI) indicou hoje que foi "agilizada a cooperação policial internacional" para a captura dos cinco reclusos que fugiram do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, em Alcoentre, no distrito de Lisboa.

Em comunicado, o gabinete do secretário-geral do SSI salienta ainda "a estreita cooperação e coordenação entre as diversas entidades nacionais", tendo o SSI feito reuniões hoje à tarde com PJ, PSP, GNR e Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) para "partilhar informações".

"Alertadas para a situação pela DGRSP, logo que tomaram conhecimento, a GNR, a PSP e a PJ desencadearam, nas suas esferas de responsabilidade, todas as diligências consideradas adequadas à ocorrência em causa", acrescenta o comunicado.

O SSI pede que "qualquer informação relevante deve ser comunicada às autoridades policiais".

Marcelo acompanha "desde o primeiro minuto"

"Estou a acompanhar a situação, desde o primeiro minuto, e, portanto, a acompanhar as informações que vierem a chegar, e espero que sejam boas, uma vez que é uma situação que é sempre indesejável, naturalmente. Esperemos que seja resolvida e enfrentada o mais rápido possível", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, no Palácio de Belém, em Lisboa.

Interrogado sobre se considera que este caso tem implicações para a segurança do país, o chefe de Estado respondeu: "Não sei, vamos ver. A informação que temos ainda da evolução dos acontecimentos é muito curta, tem horas".

"Vamos deixar ver, para depois saber o que é que se passa, e o próprio Governo, tendo dados disponíveis, não deixará de informar os portugueses, espero", acrescentou.